O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse
hoje dia 28 de Abril de 2021 que o governo federal lançará um programa de testagem da
população para covid-19. O anúncio foi feito em pronunciamento após a
terceira reunião do Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, no Palácio do Planalto. Ainda não há data para início do programa.

Segundo Queiroga, o objetivo é conseguir
identificar os casos positivos e seus contactantes para que se possa
adotar uma política mais efetiva de quarentena para os indivíduos
afetados pela covid-19 e, assim, reduzir a transmissão da doença. Ele
explicou que o programa usará testes antígenos para detecção do vírus,
que têm resultados mais rápidos do que o teste de RT-PCR.
O teste de antígeno é um exame imunológico
rápido, que avalia a proteína viral do SARS-CoV-2 no organismo. O
resultado demora, em média, 30 minutos e pode diagnosticar a infecção
viral atual, mas não detecta os anticorpos adquiridos. A utilização
desse teste é indicada nos primeiros 7 dias de sintomas, com
sensibilidade mais elevada do primeiro até o terceiro dia de sintomas. O
teste é coletado diretamente com amostras de swab (cotonete) de nasofaringe.
Queiroga também reiterou as recomendações de
uso de máscaras e do distanciamento social - chamadas de medidas não
farmacológicas. “As medidas não farmacológicas, associadas a uma ampla
campanha de vacinação são as duas armas que temos para pôr fim a essa
pandemia. Nesse sentido, é importante a adesão da nossa população. Não
adianta ficar esperando só pelos governos federal, estaduais e
municipais, todos nós temos que nos comprometer com essa iniciativa”,
disse.
Reunião com a OMS
Na próxima sexta-feira dia 0 de Abril, o ministro da
Saúde também vai participar de uma reunião com o diretor-geral da
Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom. Para ele, é
importante essa relação multilateral com outros organismos da saúde,
“seja pela troca de conhecimento científico, seja pela possibilidade de
ajuda dessas instituições na busca por insumos estratégicos, seja em
relação a pesquisas”.
Nesse sentido, ele informou que a Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) aprovou uma pesquisa, a ser
realizada no Brasil, sobre a efetividade da vacina Covishield,
desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica
britânica AstraZeneca, e produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz). A pesquisa será conduzida pela Universidade Estadual
Paulista (Unesp), Fiocruz e Oxford, com apoio do Ministério da Saúde e
da Embaixada do Reino Unido no Brasil.
“Então, vamos avançar na pesquisa, na
aplicação de condutas baseadas na ciência, na procura do diálogo com as
sociedades científicas e com a sociedade civil brasileira e com apoio da
imprensa, levando informações que sejam úteis para nossa sociedade”,
completou o ministro.
Questionado sobre a Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Pandemia, que foi instalada ontem (28) no Senado,
Queiroga disse que, quando for convocado, prestará todas as informações
solicitadas, como vem fazendo. O primeiro a ser ouvido pelo colegiado,
na semana que vem, será o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que comandava a pasta no início da crise sanitária.
Vacinação
O Ministério da Saúde também anunciou a
antecipação da entrega de 2 milhões de doses de vacinas do consórcio
Covax Facility de junho para maio, totalizando, então, 4 milhões de
doses do consórcio no próximo mês. De acordo com o contrato de adesão do
Brasil à iniciativa, firmado em 25 de setembro de 2020, o país terá
acesso a 42,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
Covax Facility é uma aliança internacional
da OMS que tem como principal objetivo acelerar o desenvolvimento e a
fabricação de vacinas contra a covid-19 e garantir acesso igualitário à
imunização. A projeção é que sejam enviadas 330 milhões de doses das
vacinas da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca na primeira metade de
2021 para 145 países integrantes da aliança, que reúne mais de 150
nações.
Segundo Queiroga, o Ministério da Saúde
também atualizará semanalmente o cronograma da vacinação, com as doses
confirmadas e as que devem ser entregues ao longo do ano.
Pressão no sistema
O ministro da Saúde avalia ainda que o
Brasil já está assistindo a uma queda no número de casos por covid-19 e,
consequentemente, de óbitos pela doença, apesar de ainda ser um número
elevado. “Mas a queda tem causado menor pressão sobre o nosso sistema de
saúde e diversos estados já têm uma situação mais confortável de
disponibilidade de leitos de terapia intensiva”, disse.
Da mesma forma, segundo ele, há uma menor
pressão por insumos estratégicos como oxigênio e kits de intubação no
sistema público de saúde (SUS). Ainda assim, o governo federal continua
trabalhando para manter em dia os estoques e a distribuição desses
produtos.
Protocolos clínicos
O governo federal também espera a aprovação do Projeto de Lei nº 415/2015,
que trata do aprimoramento das avaliações econômicas realizadas no
âmbito da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS
(Conitec). Segundo Queiroga, o projeto será importante para a elaboração
de protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas que sejam úteis, na
prática. Nesse sentido, o governo quer aprovar um protocolo para o
tratamento da covid-19.
Enquanto o projeto não é aprovado, o
Ministério da Saúde está editando notas técnicas de recomendação acerca
do tratamento, uma parceria com técnicos da pasta e as sociedades
científicas com liderança do pneumologista e professor da Universidade
de São Paulo (USP), Carlos Carvalho. Dois textos já foram editados.
O primeiro trata da otimização do uso do
oxigênio e da intubação orotraqueal. Queiroga explica que a intubação é
um procedimento rotineiro em paciente com insuficiência respiratório,
mas que, nos pacientes com covid-19, requer algumas peculiaridades. “O
paciente pode perder a vida durante a intubação, de tal maneira que
resolvemos dar uma padronização em relação a essa conduta”, disse.
A outra nota técnica diz respeito à segunda
dose da vacina CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan,
em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Segundo o ministro, devido
a atrasos no cronograma de entrega em razão de problemas com os insumos
de fabricação vindo da China, muitas pessoas fizeram a primeira dose,
mas não conseguiram a segunda no prazo de até um mês, como recomendado. A
nova nota indica que, independentemente do prazo, a segunda dose do
imunizante deve ser aplicada, assim que estiver disponível.
“Esperamos
que na semana que vem sejam distribuídas doses de CoronaVac suficientes
para que haja a regularização nacional da segunda dose”, disse.
Doenças prevalentes
O ministro garantiu que o governo está
atento ao aumento de óbitos por outras doenças prevalentes na população,
como as cardiovasculares, e está trabalhando em estratégias para
garantir assistência à população para tratamento dessas enfermidades.
Segundo Queiroga, todos os anos, mais de 380
mil pessoas morrem de doenças cardiovasculares, sobretudo infarto e
Acidente Vascular Cerebral (AVC). Entretanto, na primeira onda de
covid-19, no ano passado, houve uma redução nas notificações desses
óbitos no âmbito do sistema de saúde e um aumento de óbitos por doenças
inespecíficas fora do ambiente hospitalar. “Esse fenômeno pode ser
repetir em 2021, até com frequência maior”, alertou sobre a importância
da continuidade da atenção à saúde.
Informações: Ministério da Saúde
Post: G. Gomes
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