As exportações brasileiras somaram US$
29,09 bilhões em março, atingindo um recorde mensal histórico, segundo
dados divulgados na sexta-feira dia 01 de Abril de 2022 pela Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) do Ministério da Economia. “É um valor inédito para a
exportação brasileira, não só para o mês de março, mas para qualquer mês
já registrado”, destacou o subsecretário de Inteligência e Estatísticas
de Comércio Exterior, Herlon Brandão, em entrevista coletiva. O recorde
anterior de exportações mensais era de junho de 2021, com US$ 28,3
bilhões.
Já as importações aumentaram 27,1% no mês passado e
chegaram a US$ 21,71 bilhões, resultando em superávit de US$ 7,38
bilhões, com alta de 19,3%, pela média diária, em relação a março de
2021. A corrente de comércio (soma de exportações e importações) chegou a
US$ 50,81 bilhões, em alta de 25,9%. Tanto importações quanto superávit
e corrente de comércio foram recordes para o mês de março.
Segundo Brandão, o recorde histórico
das exportações foi puxado pelo aumento de 1,8% no volume, mas
principalmente pela alta de 17,2% nos preços dos produtos vendidos pelo
Brasil. Os preços também foram o principal fator que influenciaram o
aumento das importações, com alta de 29,5%, já que o volume comprado
caiu 7,1% no mês.
O desempenho positivo de março influenciou o
resultado do primeiro trimestre. A corrente de comércio subiu 26% e
atingiu US$ 132,16 bilhões, nos três primeiros meses do ano, refletindo a
alta de 26,8% das exportações, que somaram US$ 71,74 bilhões, e de 25%
das importações, que totalizaram US$ 60,42 bilhões. Os três resultados
também foram recordes para o período.
A balança comercial, por
sua vez, fechou o trimestre com superávit de US$ 11,31 bilhões, em alta
de 37,6%. Foi o segundo melhor saldo do primeiro trimestre desde 2017,
quando chegou a US$ 13 bilhões.
Desempenho dos setores
O recorde mensal das exportações, em
março, foi puxado principalmente pelo aumento dos valores das vendas da
Agropecuária, que subiram 36,8% e chegaram a US$ 8,17 bilhões, e da
Indústria de Transformação, que atingiram US$ 14,47 bilhões, em alta de
35,2%. Já a Indústria Extrativa somou US$ 6,34 bilhões, diminuindo 2,4%
em relação a março de 2021. “Destaca-se o grande aumento dos preços dos
produtos agropecuários, de 33,4%, e da Indústria de Transformação, de
19,3%, que fez com que o total crescesse 17,2%”, pontuou Brandão.
Na
soma do trimestre, o crescimento das exportações da Agropecuária chegou
a 61%, com US$ 16,45 bilhões, enquanto a Indústria de Transformação
vendeu 33,4% a mais do que nos três primeiros meses de 2021, somando US$
39,02 bilhões. Já na Indústria Extrativa houve recuo de 5,3%, para US$
15,94 bilhões.
Do lado das importações, as compras para a
Agropecuária subiram 21% em março, somando US$ 510 milhões, e 0,9% no
trimestre, alcançando US$ 1,27 bilhão. Na Indústria Extrativa, as
compras cresceram 94,9% no mês, atingindo US$ 1,79 bilhão, e 168,1% de
janeiro a março, somando US$ 6,13 bilhões. Também aumentaram as compras
da Indústria de Transformação, que alcançaram US$ 19,34 bilhões no mês
(+25,2%) e US$ 52,43 bilhões no trimestre (+20%).
De acordo com a
Secex, houve aumento nos preços dos produtos comprados em todas as
categorias, em março, especialmente da Indústria Extrativa (+86,4%), que
sentiu o impacto da alta dos combustíveis. Nesse segmento, o volume de
compras aumentou 50,7%.
O subsecretário salientou, no entanto,
que os preços vêm influenciando as despesas dos importadores brasileiros
desde novembro do ano passado. Só no primeiro trimestre, em média, a
alta foi de 29,7%, com impacto maior sobre a Indústria Extrativa, que
sentiu uma alta de 110,4% no valor dos produtos comprados.
Parceiros comerciais
Entre os parceiros comerciais, a Secex
registrou aumento das exportações para praticamente todos os principais
destinos, em março, à exceção de um recuo das vendas para a Coreia do
Sul (-14,2%). Destacaram-se o crescimento das exportações para União
Europeia (+37,5%), Estados Unidos (+26,1%), países da Asean (+38%),
China (+13,1%) e Argentina (+14,1%).
Já no acumulado de janeiro a
março, as exportações cresceram para todos os principais destinos,
principalmente União Europeia (+42,8%), Estados Unidos (+35,3%),
Argentina (+20%) e China (+8%). Herlon Brandão comentou que, nos
primeiros meses do ano, além de ser um período de entressafra –
reduzindo os embarques de soja –, questões climáticas afetaram as vendas
de minério de ferro. “Então, é natural que a China comece o ano com uma
importância relativa menor. Isso vai crescer, ao longo do ano, por
conta da sazonalidade da pauta exportadora brasileira”, explicou.
Nas
importações, também houve aumento das compras de praticamente todos os
fornecedores no mês. Destacaram-se a China (+31,3%), Estados Unidos
(+26,8%), Canadá (+105,3%), Argentina (+9%) e União Europeia (+14,5%).
No trimestre, cresceram principalmente as compras da China (+39,2%), dos
Estados Unidos (+40,8%) e da União Europeia (+11%). Já as importações
da Argentina caíram 4,1%. Brandão lembrou que, em 2021, houve
necessidade de compra de energia elétrica da Argentina, mas em 2022
essas importações diminuíram.
Estimativas em alta
A Secex também revisou para cima as
projeções do comércio exterior brasileiro deste ano. “Há uma demanda
crescente dos produtos brasileiros, a preços maiores. Isso fará com que a
receita de exportação cresça”, previu Brandão.
A estimativa da
Secex é de que as exportações atinjam US$ 348,8 bilhões, contra US$
237,2 bilhões de importações. Assim, a corrente de comércio pode chegar a
US$ 586 bilhões, com superávit de US$ 111,6 bilhões. “É um período de
grande incerteza, de grande volatilidade das variáveis”, ressaltou o
subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior,
acrescentando que os dados são influenciados, entre outros fatores, pelo
aumento das cotações internacionais dos produtos.Informações: Ministério da Economia
Post: G. Gomes
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