Começou
nesta segunda-feira dia 14 de Novembro de 2022, a 6ª Conferência Nacional de Saúde Indígena
(6ª CNSI) em Brasília. Até sexta-feira (19/11/2022), mais de 1,7 mil
participantes representantes dos povos originários em todo o Brasil vão
ajudar a atualizar a Política Nacional de Saúde Indígena (Pnaspi), que
irá redefinir as diretrizes e efetivar as particularidades étnicas e
culturais no modelo de atenção à saúde dos povos indígenas dos próximos
anos no Brasil. Tudo isso decidido com o voto direto de 1,3 mil
delegados das aldeias e comunidades indígenas de todo o Brasil.

Na abertura do evento o ministro da Saúde,
Marcelo Queiroga, relembrou visitas que fez a comunidades indígenas e
citou o Posto Leornado, no Alto Xingu, como exemplo de local onde a
atenção primária à saúde acontece com consultas oftalmológicas,
procedimentos odontológico e até mesmo assistência com apoio de tele
saúde.
“Essa política pública precisa ser ampliada
e, para isso, cada centavo, recurso público que chega na Secretária
Especial de Saúde Indígena (Sesai) tem que chegar para as comunidades
indígenas brasileiras. A gente sabe que têm ameaças desses recursos não
chegarem aos seus verdadeiros donos, os nossos indígenas”, ressaltou
Segundo o Ministério da Saúde, a 6ª CNSI é a
etapa final de um trabalho que começou com 302 conferências locais e 34
distritais, realizadas entre outubro e dezembro de 2018. “Das
conferências distritais saíram 2.380 propostas consolidadas em 252
proposições a serem analisadas nesta etapa nacional”, detalhou a pasta.
As propostas estão divididas entre sete
eixos temáticos: a articulação dos Sistemas Tradicionais Indígenas de
Saúde; criação do Modelo de Atenção e Organização dos Serviços de Saúde;
Recursos Humanos e Gestão de Pessoal em Contexto Intercultural;
Infraestrutura e Saneamento; Financiamento; Determinantes da Saúde;
Controle Social e Gestão Participativa.
“As vozes dos parentes têm força e precisam
ser ouvidas. A conferência é o momento do indígena se fazer presente e
garantir uma saúde de qualidade para nosso povo”, diz William Uwira
Xacriabá, Secretário-Geral da 6ª CNSI. Além disso, a 6ª CNSI tem como
meta aprovar as diretrizes que subsidiarão as ações de saúde locais e
distritais e a reformulação da Política Nacional de Atenção à Saúde dos
Povos Indígenas.
Homenagem
A cerimônia de abertura do evento hoje foi
marcada pela entrega da comenda Maninha Xukuru Kariri. A condecoração
reconheceu três personalidades brasileiras cujas contribuições foram
marcantes na luta por direitos e melhorias da saúde dos povos indígenas
do Brasil. Os homenageados foram: Ailson dos Santos (Yssô Truká), no
segmento usuário; Maria do Carmo Andrade Filha (Carmem Pankararu), no
segmento trabalhador e Ubiratan Pedrosa Moreira, na categoria gestor.
Conhecida como Maninha Xukuru Kariri,
Etelvina Santana da Silva, nasceu em 1966, na aldeia Xukuru-Kariri, em
Palmeira dos Índios, interior do estado de Alagoas. Ela é reconhecida
como uma das grandes lideranças indígenas ao combater o preconceito na
condição de mulher e indígena, sendo a única mulher em meio a tantos
caciques e líderes indígenas. Em 2000, foi indicada pelo Projeto “1000
mulheres” ao prêmio Nobel da Paz.
Ela morreu em outubro de 2006 por problemas de saúde. Em 2007, recebeu in memoriam,
o prêmio Renildo José dos Santos, destinado aos que se dedicam à defesa
dos direitos humanos. Maninha foi agraciada na categoria Defesa da
Identidade Cultural.