O
dólar voltou a cair forte ante o real nesta segunda-feira, renovando
mínima em 12 semanas, em mais um dia de notável apetite por risco em
todo o mundo diante de otimismo com a recuperação da economia global.

O dólar à vista caiu 2,66%, a R$ 4,855 na venda, menor patamar desde 13 de março (R$ 4,8128).
Na B3, o dólar futuro de maior liquidez cedia 2,40%, a R$ 4,8530, às 17h36.
O mercado acelerou as vendas de moeda no fim
da sessão ao mesmo tempo que o dólar ampliou as perdas no exterior e
ativos de risco ganharam ainda mais tração, conforme prevalece no
mercado percepção de que o pior da crise econômica causada pelo
coronavírus já ficou para trás.
Em Wall Street, o índice Nasdaq Composite,
com forte peso de papéis do setor de tecnologia, fechou em máxima
histórica, confirmando novo "
bull market" (mercado em alta). O
S&P 500, referência para os mercados acionários dos EUA, apagou as
perdas do ano. E o Ibovespa, principal índice das ações brasileiras,
teve a sétima alta seguida, mais longa sequência do tipo desde 2018.
Boa parte dessa euforia é explicada ainda
pela surpresa positiva com dados de emprego nos EUA divulgados na
sexta-feira (5). A expectativa era de perda de postos de trabalho, mas
houve geração de vagas em maio, o que fortaleceu esperança de que a
economia começa a se recuperar.
O otimismo dos últimos dias pegou um mercado
de câmbio no Brasil com posição técnica amplamente comprada em dólar. A
virada na moeda forçou desmonte de posições, o que retroalimentou a
correção.
Depois de perder no fim de maio a média
móvel de 50 dias, o dólar fechou nesta segunda abaixo da linha de 100
dias pela primeira vez desde janeiro. As médias móveis são acompanhadas
de perto pelo mercado e quedas sustentadas abaixo delas costumam ser
entendidas como indicação de continuação do movimento (no caso, de recuo
do dólar).
A próxima média móvel a ser testada é a mais relevante, de 200 dias, atualmente em R$ 4,5511.
Nos últimos 14 pregões, o dólar caiu em 11. A
moeda recua 9,09% em junho e 17,73% desde que bateu a máxima recorde
para um fechamento (de R$ 5,9012 em 13 de maio).
Mas a magnitude do ajuste, bem como da recuperação dos mercados no mundo, começa a atrair alguma cautela.
"
Vejo esse otimismo todo como meio
exagerado", disse Luis Laudisio, operador da Renascença. No entanto, ele
ponderou que, mesmo com a exuberante recuperação, o real ainda ocupa o
posto de pior desempenho entre as moedas globais neste ano. "
Ainda acho
que o noticiário sobre fiscal pode atrapalhar (a alta do real), mas, por
ora, isso vem sendo ignorado, e não apenas aqui."
Em 2020, o real ainda perde 17,35%.
O Rabobank vê o câmbio mais pressionado até o
fim do ano, com o dólar fechando a R$ 5,45, alta de 12,3% ante o
encerramento desta segunda.
"
Embora a alta volatilidade de meados de
maio tenha diminuído nas últimas duas semanas, ainda vemos incertezas
globais e domésticas se aproximando. Com uma volatilidade mais forte e
persistente, o Covid-19 e as incertezas fiscais ainda deixarão o real
pressionado até o final do ano", disseram em nota.
Informações: ebcPost: G. GomesHome: www.deljipa.blogspot.com.br