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Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Militar de Minas
Gerais realizaram ontem dia 6 de Abril de 2022. a Operação Camaleão com o objetivo de
desarticular uma quadrilha especializada em um golpe que têm se tornado
comum no país. Usando fotos e informações pessoais das vítimas, os
criminosos criam novas contas no aplicativo WhatsApp para pedir dinheiro
a familiares e amigos. Apesar de usarem números de celulares
diferentes, a tática é eficaz e permite que eles fizessem vítimas
diariamente.

Foram presas preventivamente sete pessoas,
todas abordados em casa, em Cuiabá ou em cidades do entorno. A operação,
que contou com o apoio do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) e
das polícias Civil e Militar do mesmo estado, cumpriu 12 mandados de
busca e apreensão.
Segundo Mauro Ellovitch, promotor de Justiça
à frente da Coordenadoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos
do MPMG, os dados usados pelos golpistas são obtidos a partir de fontes
não oficiais. Ele disse que podem ter sido até mesmo comprados na dark web,
servidores de rede disponíveis na internet que são acessíveis somente
por meio de ferramentas específicas que garantem um elevado nível de
anonimato.
"Eles utilizavam esses dados para ludibriar
familiares e cometer estelionato. O integrante dessa organização pegava
os dados de uma pessoa e se fazia passar por ela para ludibriar uma mãe,
um pai. Alegavam que precisaram trocar o número de telefone e
solicitavam dinheiro, principalmente por meio de uma transferência PIX",
explicou Ellovitch.
O promotor disse que, nessa modalidade de
crime, não há hackeamento ou clonagem do celular da vítima. Por essa
razão, os usuários do WhatsApp não devem confiar apenas na foto do
perfil e devem sempre desconfiar se houver pedido de transferência de
dinheiro a partir de um número do telefone diferente do conhecido.
Apenas na casa de um dos presos, foram apreendidos 58 chips de celular.
As investigações de inteligência, que
estavam em curso desde o ano passado, revelaram que a quadrilha atuava
de forma estruturada e constante, com claras divisões de funções. "Havia
um núcleo operacional responsável por obter os dados, habilitar os
chips e abordar as vítimas. E havia um outro núcleo, responsável por
disponibilizar contas e chaves PIX para serem utilizadas nos crimes e
depois retirar o dinheiro dessas contas de modo a evitar bloqueios",
disse Ellovitch.
Estimativas apontam que R$ 10 mil por dia
útil era movimentado pela organização. Considerando o tempo de atuação,
foi pedido o bloqueio judicial de R$ 1,8 milhão para fins de
ressarcimento das vítimas e reparação dos danos causados.
Os presos serão denunciados de acordo com a
função que desempenhavam na quadrilha. Entre os crimes identificados,
estão organização criminosa, estelionato mediante fraude eletrônica,
falsa identidade e lavagem de dinheiro. As penas para os que estiverem
envolvidos em todos eles podem superar 30 anos de reclusão.
Segundo o MPMG e a PMMG, trata-se de uma
ação pioneira no país. "Isso pode se ampliar, e deve se ampliar ainda
mais. Acreditamos que seja o primeiro exemplo a ser seguido em todo o
país, para que façamos um combate mais direto a essa modalidade
criminosa", disse a major Layla Brunnela, porta-voz da PMMG.
Ela disse que quase todo mundo conhece
alguém que já foi alvo de uma tentativa desse tipo de golpe, e orienta
que as vítimas registrem os casos e apresentem detalhes que possam
ajudar em novas operações de sucesso. Inclusive os prints da tela do
celular, com o conteúdo da conversa, são materiais considerados
importantes, recomendou.
Investigação
As investigações do MPMG foram estimuladas
pela representação de aproximadamente 40 vítimas que residem em cidades
mineiras. Os trabalhos mostraram, no entanto, que a quadrilha estava
sediada em Mato Grosso e tentou dar o golpe em pessoas de, pelo menos,
outros 15 estados. Ainda assim, o caso deverá ser julgado na Justiça
mineira.
"Crimes de estelionato mediante depósito têm
a competência fixada no domicílio da vítima, inclusive para facilitar o
acesso à Justiça. Como as vítimas que nos procuraram eram do estado de
Minas Gerais, a competência do julgamento desse caso é do estado de
Minas Gerais, ainda que os autores do crime sejam de outras comarcas",
explicou Mauro Ellovitch.
Novas denúncias envolvendo esse tipo de
golpe também podem acabar sendo encaminhados à Justiça mineira. "Em caso
de crimes conexos, a competência é fixada por prevenção", disse o
promotor.
Apesar do protagonismo do MPMG e da PMMG na
investigação, o promotor ressalta que a execução da operação só foi
possível pela cooperação dos promotores e policiais de Mato Grosso. O
promotor reitera que tudo começa com a disposição das vítimas em
denunciar.
"É trabalhoso, mas é uma investigação
possível. No imaginário das pessoas, há essa ideia de que é impossível
apurar esse tipo de crime e que não vai dar em nada. Mas com um trabalho
de investigação técnico e dedicado, podemos identificar os rastros
digitais que esse tipo de golpe deixa", disse Ellovitch.Informações: ebc
Post: G. Gomes
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