A inclusão de três opções de quimioterapia
oral no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS) traz benefícios em termos de sobrevida aos
pacientes e permite a prescrição, pelo médico, para aqueles pacientes
que têm seguro saúde, avaliou hoje (16) a oncologista Andreia Melo, do
Grupo Oncoclínicas, também chefe da Divisão de Pesquisa Clínica do
Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Publicada no último dia 6, no Diário Oficial da União,
a decisão contemplou as substâncias trifluridina + cloridrato de
tipiracila, para câncer colorretal e gástrico metastático; Brigatinibe,
para câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) localmente avançado
ou metastático, positivo para quinase de linfoma anaplásico (ALK); e
Venetoclax, combinado com obinutuzumabe, para pacientes adultos com
leucemia linfocítica crônica (LLC) em primeira linha de tratamento.
Segundo o Inca, a estimativa é que em cada
ano do triênio 2020-2022, o Brasil tenha em torno de 41 mil novos casos
de câncer colorretal, 21 mil casos de câncer gástrico e 30 mil de câncer
de pulmão, além de 11 mil casos novos de leucemia, dos quais a leucemia
linfoide crônica responderá por cerca de um quarto. No total, o Inca
estima o aparecimento de 650 mil casos novos de câncer no país a cada
ano do triênio.
Por isso, na avaliação da oncologista, é grande o significado que as incorporações de tratamento podem trazer aos pacientes.
“Elas trazem novas opções terapêuticas. São
novas linhas de tratamento para pacientes com essas neoplasias
(colorretal e gástrico) no cenário metastático. No caso do câncer de
pulmão, você tem a seleção por um biomarcador e tem uma resposta
objetiva muito boa com o uso do tratamento e ganho de sobrevida”.
A cobertura obrigatória dessas três novas
opções de quimioterapia oral pelos planos de saúde é fundamental para
que o oncologista faça, na sua prática clínica, o que há de melhor na
literatura, em termos de padrão de tratamento.
“Priorizar essas opções de tratamento oral
na cobertura dos pacientes com essas neoplasias é fundamental. É isso
que acontece com o Rol da ANS”, indicou a oncologista.
Cânceres
Câncer colorretal é o nome dado ao tipo de
tumor que atinge a região do intestino grosso (cólon), reto (final do
intestino, antes do ânus) e o ânus. Apenas em 2019, a doença provocou
mais de 20 mil mortes no país. Esse é, segundo o Inca, o terceiro tipo
de câncer mais comum no Brasil, com um risco estimado de cerca de 19
casos novos a cada 100 mil pessoas. O câncer colorretal metastático é o
estágio avançado da doença. O tratamento deve ser contínuo, visando
prolongar a sobrevida, diminuir sintomas relacionados ao tumor,
postergar a progressão da doença e manter a qualidade de vida. Mesmo
considerando que a doença esteja em um estágio mais avançado, os
pacientes ainda podem receber tratamento.
O Inca adverte que quase 30% de todos os
cânceres colorretais poderiam ser evitados mediante uma dieta saudável,
prática de atividades físicas e redução do consumo de bebidas
alcoólicas. O instituto, vinculado ao Ministério da Saúde, estima que,
em 2030, a despesa do Sistema Único de Saúde (SUS) com pacientes que
desenvolverão esse tipo de câncer, em função da exposição a fatores de
risco evitáveis, vai ser 88% maior do que o valor gasto registrado em
2018, que alcançou R$ 545 milhões.
Andreia Melo advertiu que o custo da
assistência em oncologia tem subido a cada ano, não só pelo aumento do
número de casos. “É uma doença que tem ficado mais incidente e tem
aumentado a sua mortalidade também. É claro que, junto disso, você
caminha com o desenvolvimento de novas opções terapêuticas, novas
tecnologias, novas intervenções que, habitualmente, apresentam alto
custo”.
Já o câncer de estômago, também conhecido
como câncer gástrico, é o terceiro tipo mais frequente entre homens e o
quinto entre mulheres, com um risco estimado de 12,81 casos a cada 100
mil homens e 7,34 para cada 100 mil mulheres. No mundo, foram estimados
684 mil casos novos em homens, sendo o quarto mais frequente entre todos
os cânceres. O tipo mais frequente é o adenocarcinoma, responsável por
95% dos casos, sendo a infecção pela bactéria Helicobacter Pylori o
principal fator de risco.
Já a leucemia linfocítica crônica (LLC) se
caracteriza por um aumento do número de linfócitos, que são um dos
principais tipos celulares dos leucócitos, ou glóbulos brancos. Trata-se
de uma doença que se desenvolve de forma lenta e afeta, em sua maioria,
pessoas com mais de 55 anos. A idade média no momento do diagnóstico é
em torno de 70 anos. Extremamente rara em crianças, o risco de uma
pessoa desenvolver LLC é de 0,57%, sendo um pouco maior em homens do que
em mulheres.
De acordo com o Inca, o câncer de pulmão é o
segundo mais comum no Brasil e o primeiro em todo o mundo, tanto em
incidência quanto em mortalidade. É responsável por cerca de 13% de
todos os novos casos de câncer, com incidência mundial de 1,8 milhão de
casos novos. Esse tipo de câncer é considerado hoje uma das principais
causas de morte evitáveis, porque, em cerca de 85% dos casos, seu
aparecimento está diretamente ligado ao consumo de derivados do tabaco. O
cigarro constitui o mais importante fator de risco.
Na mesma decisão, a ANS aprovou a
incorporação no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da substância
Risanquizumabe, para tratamento da psoríase moderada a grave.Informações: ANS
Post: G. Gomes
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