A
demanda entre homens e mulheres por atendimento médico no Sistema Único
de Saúde (SUS) permanece desequilibrada, embora a distância entre os
gêneros venha se reduzindo ao longo dos anos.

Levantamento inédito da Sociedade Brasileira
de Urologia (SBU), com dados do Sistema de Informação Ambulatorial do
Ministério da Saúde, indica que, enquanto mais de 312 milhões de homens
já foram atendidos em 2022, as mulheres ultrapassam 370 milhões. No ano
passado, foram mais de 725 milhões de homens contra mais de 860 milhões
de mulheres.
Para o coordenador do Departamento de
Andrologia, Reprodução e Sexualidade da SBU, Eduardo Miranda, por uma
questão cultural, o homem vai menos ao médico que as mulheres.
“Ainda há um certo tabu, muitas vezes,
[eles] não têm a cultura do autocuidado e ir ao médico é visto como
sinal de fraqueza. Há também a questão cultural. A menina é levada pela
mãe ao ginecologista desde a primeira menstruação, enquanto o homem não
vai ao médico depois que ele não precisa mais de acompanhamento regular
com pediatra. Esse é um processo que precisamos trabalhar ao longo de
gerações e espero que possamos ver um aumento da ida dos homens [aos
consultórios] para fazer acompanhamento de rotina com o urologista”,
afirmou.
A diferença na demanda entre homens e
mulheres fica bem evidente nos atendimentos específicos. Neste ano,
houve mais de 1,2 milhão de atendimentos femininos por ginecologistas,
mas a procura dos homens por urologistas ficou em 200 mil atendimentos.
“As mulheres estão mais habituadas a
realizar exames preventivos anuais e se preocupam mais com a saúde. Elas
geralmente marcam as consultas para seus maridos. Mas os homens têm
procurado mais o urologista por uma maior conscientização por meio de
campanhas, por exemplo”, destacou o supervisor da disciplina de câncer
de bexiga da SBU, Felipe Lott.
Para o presidente da SBU, Alfredo Canalini,
as principais causas que afastam o homem das consultas médicas são o
medo e a desinformação. “Mas as campanhas que a SBU promove ano após ano
indicam uma mudança de comportamento, e já sentimos uma diferença
significativa com a procura espontânea, principalmente para a avaliação
da próstata”, argumentou.
A diretora de Comunicação da SBU, Karin
Anzolch, ponderou, no entanto, que, apesar de os homens se mostrarem
mais conscientes com relação aos cuidados com a saúde, estudos desse
tipo mostram que ainda há um longo caminho a trilhar. A médica
acrescentou que, por atuar em problemas extremamente impactantes na
qualidade de vida e sobrevida dos homens, a Urologia apoia a causa.
Alerta
Com base nos dados e aproveitando o Dia do
Homem, comemorado hoje dia 15 de Julho de 2022, a SBU alerta para a importância do cuidado
com a saúde masculina, especialmente para a prevenção do câncer de
bexiga, que, de acordo com a entidade, é o segundo tumor urológico mais
incidente nessa população. Em primeiro lugar é o câncer de próstata.
“Neste mês, a SBU também alerta sobre o
câncer de bexiga, que acomete três vezes mais os homens do que as
mulheres, e é o segundo tumor mais frequente na urologia, somente atrás
do câncer de próstata, sabendo que muitos ainda desconhecem os fatores
de risco e os sinais de alerta para essa doença, que pode ser muito
grave e devastadora”, relatou Karin.
A SBU informou, também, que, estimativas do
Instituto Nacional de Câncer (Inca), apontam que, em 2022, serão
identificados 7.590 novos casos entre os homens e 3.050 entre as
mulheres. Os números do Inca indicam, ainda, que, em 2020, houve 4.595
óbitos causados por tumor na bexiga. Entre eles, 3.097 em homens e 1.498
em mulheres.
Segundo o coordenador do Departamento de
Uro-Oncologia da SBU, Ubirajara Ferreira, em 80% dos casos o sintoma
inicial é sangue na urina, que, ao ser notado, deve ser realizado na
sequência um exame de imagem, de preferência tomografia de abdômen. “O
prognóstico depende da extensão de invasão da parede vesical. Se
acometer somente a superfície interna da bexiga, chega a 90% de
sobrevida em cinco anos. Caso invada toda a parede, pode cair a 40% em
cinco anos”, explicou.
O principal fator de risco para a doença é o
tabagismo, relacionado a 50% a 70% dos casos. “Outros fatores também
podem influenciar, como a exposição a compostos químicos como aminas
aromáticas, ácido aristolóquico (suplementos dietéticos), pioglitazona
(medicamento para diabetes), arsênico na água potável, baixo consumo de
líquidos, irritações crônicas, infecções, fatores genéticos,
quimioterápicos, radioterapia”, afirmou Felipe Lott.
Com o avanço da idade, as doenças da
próstata e as disfunções sexuais estão entre as principais enfermidades
que acometem o homem. Na adolescência e na fase adulta são as infecções
sexualmente transmissíveis. Segundo Eduardo Miranda, há outras doenças
que são mais prevalentes, como hipertensão, doença cardíaca, diabetes e
obesidade. O motivo que leva o homem ao médico depende da faixa etária.
“Na infância, geralmente são alterações do
trato geniturinário, fimose, hérnia. Na adolescência, a maioria não
frequenta o ambulatório, e isso é uma coisa que a SBU vem tentando
mudar. Nos adultos jovens, geralmente é dificuldade de fertilidade,
cálculos renais. A partir dos 40 anos, temos a ida rotineira para
prevenção do câncer de próstata e já começam a aparecer o crescimento
benigno da próstata e sintomas urinários. A partir dos 50 anos, são
comuns queixas de disfunção erétil e os sintomas urinários vão
aumentando progressivamente”, observou Eduardo Miranda.
Outras doenças
Nas outras enfermidades que atingem os
homens, 5% do total de casos de câncer correspondem ao de testículo.
Para o câncer de próstata a estimativa é de mais de 65 mil novos casos.
Em 2021, houve 1.791 casos de câncer de pênis.
Já a hiperplasia prostática benigna atinge
cerca de 50% dos indivíduos acima de 50 anos e, após os 40 anos, a
disfunção erétil é a prevalência no Brasil em cerca de 50%, algo em
torno de 16 milhões de homens.
Campanhas
Além da campanha do Dia do Homem, a SBU
desenvolve a Novembro Azul e, também, a #VemProUro, que, em setembro, já
estará em sua quinta edição. “[Elas] pretendem estimular que os homens
conheçam mais sobre a saúde e mantenham uma rotina regular de cuidados,
entendendo que hábitos se criam desde cedo, e o acompanhamento
preventivo auxilia a introjetar esses valores, proporcionar aprendizados
e a guiar para atitudes que farão a diferença mais adiante. Assim
sendo, a urologia é parceira da saúde masculina em todo o seu ciclo de
vida”, finalizou Karin Anzolch.Post: G. Gomes
Home: www.deljipa.blogspot.com
Informações: SBU
Via: ebc