Em
2020, a indústria brasileira compreendia 303,6 mil empresas com uma ou
mais pessoas ocupadas. Essas empresas geraram R$ 4 trilhões de receitas
líquidas de vendas e pagaram um total de R$ 308,4 bilhões em salários e
outras remunerações. Esse resultado envolveu 7,7 milhões de pessoas
empregadas no setor industrial.

Os dados constam da Pesquisa Industrial
Anual Empresa 2020 (PIA Empresa), divulgada hoje dia 21 de Julho de 2022 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o levantamento, as indústrias de
transformação concentraram 92,9% do faturamento das empresas industriais
em 2020.
O segmento de fabricação de produtos alimentícios ocupou a
primeira posição no ranking de receita líquida de vendas, com
24,1% do faturamento da indústria brasileira. De 2011 a 2020, esse setor
foi o que mais ganhou participação de mercado, com incremento de 5,9
pontos percentuais, dos quais 3,6 pontos percentuais foram relativos
especificamente ao período 2019-2020.
Outro destaque foi o setor de fabricação de
veículos automotores, reboques e carrocerias, que, em 2011, ocupava a
segunda posição no ranking de receita líquida de vendas na indústria e
caiu para quarta posição em 2020, perdendo 4,9 pontos percentuais de
participação em 10 anos.
“Esse movimento ocorreu em contrapartida ao
avanço do segmento de fabricação de produtos químicos, que passou da
quarta para a segunda posição em 10 anos, alcançando 10,5% do
faturamento da indústria. As terceira e quinta colocações, mantidas
inalteradas entre 2011 e 2020, foram ocupadas respectivamente pelas
atividades de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e
de biocombustíveis (8,6%) e de metalurgia (6,4%)”, diz o IBGE.
Mão de obra
Em 2020, a indústria brasileira empregou 7,7
milhões de pessoas, das quais 97,4% estavam alocadas nas indústrias de
transformação. Juntos, os cinco setores que mais empregaram, em 2020,
concentraram 46,5% da mão de obra na indústria: fabricação de produtos
alimentícios (23%), confecção de artigos do vestuário e acessórios
(6,7%), fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos
(5,8%), fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias
(5,7%) e fabricação de produtos de minerais não metálicos (5,3%).
Segundo o IBGE, a indústria reduziu a mão de
obra ocupada em cerca de 1 milhão de pessoas entre 2011 e 2020, com
ênfase em setores que provavelmente enfrentam de forma mais intensa
mudanças estruturais relacionadas, por exemplo, à evolução da
tecnologia, à forte concorrência com o setor externo e à dependência do
consumo interno.
“Entre 2011 e 2020, mais da metade da perda
esteve concentrada nos setores de confecção de artigos do vestuário e
acessórios (258,4 mil), de preparação de couros e fabricação de
artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (138,1 mil) e de
fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (134,2
mil)”, diz a pesquisa.
Na comparação de 2020 com 2019, observou-se
aumento de 35.241 pessoas ocupadas (equivalente a um incremento de
0,5%), sendo 80% desses referentes às indústrias de transformação. Em
especial, o setor de fabricação de produtos alimentícios aumentou a mão
de obra ocupada em 7,4% no período, o equivalente a um acréscimo de
121,5 mil pessoas ocupadas.
Pandemia
“Vale destacar que em 2020, no início da
emergência sanitária em decorrência da pandemia do novo coronavírus,
decretos federais, estaduais e municipais estabeleceram que o setor
industrial entraria no rol de atividades essenciais. Todavia, o grau de
resiliência entre os segmentos industriais depende fundamentalmente da
demanda pelos bens e serviços industriais produzidos, da necessidade de
matérias-primas importadas e até mesmo da capacidade instalada que
possibilite adaptar as linhas de produção frente a movimentos não
antecipados de demanda. Assim, algumas atividades podem ter enfrentado
maior dificuldade de escoamento de mercadorias, enquanto outras
precisaram estabelecer turnos extras de trabalho para fazer frente às
encomendas e cumprir contratos”, analisa o IBGE.
Remuneração
A remuneração média na indústria foi de 3
salários mínimos mensais. De forma geral, as indústrias extrativas (4,6
salários mínimos) pagaram um salário médio mais alto do que as
indústrias de transformação (2,9 salários mínimos). Segundo a pesquisa,
esse resultado foi influenciado sobretudo pela remuneração elevada no
setor de extração de petróleo e gás natural, cujo salário mensal, em
média, alcançou 22,7 salários mínimos em 2020.
De 2019 a 2020, houve redução de 0,2
salários mínimos na indústria. Todas as atividades mantiveram o patamar
ou tiveram redução salarial nesse período, com exceção de atividades de
apoio à extração de minerais (que apresentou aumento de 0,6 salários
mínimos) e de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e
de biocombustíveis (incremento de 1 salário mínimo).
“A redução/manutenção das remunerações pode
ter sido suavizada pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e
da Renda, criado pela Medida Provisória n. 936, de 01.04.2020 e
convertida em Lei n. 14.020, de 06.07.2020, com o objetivo de mitigar os
efeitos econômicos da pandemia de covid-19 sobre empresas e
trabalhadores. Dessa forma, mesmo nas atividades que tiveram redução
salarial, a renda do trabalhador pode ter sido complementada com os
recursos do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda -
BEm, conforme previsto no programa”, informou o IBGE.
PIA Produto
O IBGE também divulgou a Pesquisa Industrial
Anual Produto 2020 (PIA Produto) que analisou, em 2020, cerca de 3,4
mil produtos e serviços industriais nas 31,7 mil empresas com 30 ou mais
pessoas ocupadas e suas 38,1 mil unidades locais industriais.
No ranking dos dez principais produtos
industriais, minério de ferro, com receita de R$ 145,7 bilhões e
participação de 4,8% no total, influenciado pelo aumento de mais de 70%
no preço da tonelada do minério em 2020, sustentado pela demanda
chinesa, ultrapassou óleos brutos de petróleo, o segundo no ranking, com
receita líquida de R$ 95,5 bilhões e participação de 3,1% no total,
cuja cotação do barril de petróleo recuou em 2020.
Em seguida, vêm carnes de bovinos frescas ou
refrigeradas (R$ 73,6 bilhões e 2,4% de participação), óleo diesel (R$
70,5 bilhões e 2,3%) e álcool etílico (etanol) não desnaturado para fins
carburantes (R$ 49,4 bilhões e 1,6%). Os dez maiores produtos, em
conjunto, concentraram 20,9% do valor das vendas em 2020.
Segundo o IBGE, entre os 100 principais
produtos, os dez que mais perderam posições no ranking em relação a 2019
foram alguns que sofreram fortes impactos com medidas para combater a
disseminação da covid-19, como o isolamento social e paralisações das
fábricas.
As duas maiores quedas no ranking estão
associadas ao setor de aviação: querosene de aviação, que recuou 58
posições, ao passar da 28ª para a 86ª posição, e serviço de manutenção e
reparação de aeronaves, turbinas e motores de aviação, que passou da
67ª para a 90ª posição, perdendo 23 posições.Post: G. Gomes
Home: www.deljipa.blogspot.com
Informações: IBGE
Via: ebc