Em
meio aos impactos de uma possível recessão nos Estados Unidos e da
evolução da inflação após a queda dos preços da gasolina no Brasil, o
Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), inicia hoje dia 2 de Agosto de 2022, em Brasília, a quinta reunião do ano para definir a taxa básica de
juros, a Selic. Amanhã dia 3 de Agosto de 2022, ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão.

Nas estimativas das instituições
financeiras, o comitê deverá encerrar o ciclo de aumento de juros,
apesar das pressões atuais sobre a inflação. Segundo a edição mais
recente do boletim Focus, pesquisa semanal com analistas de mercado, a Selic deverá passar de 13,25% para 13,75% ao ano, com alta de 0,5 ponto percentual. Os analistas de mercado esperam que a taxa permaneça nesse nível até o fim do ano.
Na ata da última reunião, os membros do
Copom indicaram que pretendiam aumentar mais uma vez a taxa Selic em 0,5
ou 0,25 ponto percentual, mas deixaram aberta a possibilidade de
promover novas altas caso a inflação persista.
Até maio, os comunicados do BC indicavam que
a autoridade monetária pretendia encerrar o ciclo de elevações em
junho. No entanto, as altas além do previsto promovidas pelo Federal
Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) e do Banco Central
Europeu adicionaram pressão sobre os juros brasileiros.
Depois de altas nos últimos meses, as estimativas de inflação têm caído. A última edição do boletim Focus reduziu a previsão de inflação
oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de
8,89% para 9% em 2022. Em junho, as projeções para o IPCA chegaram a 9%.
Embora a gasolina e a energia elétrica
tenham ficado mais baratas nos últimos meses, a guerra entre Rússia e
Ucrânia continua a impactar os preços do diesel, de fertilizantes e de
outras mercadorias importadas. Além disso, a instabilidade na economia
norte-americana, que enfrenta a maior inflação nos últimos 41 anos,
provoca forte volatilidade na cotação do dólar em todo o planeta.
Para 2022, a meta de inflação
que deve ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário
Nacional, é de 3,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual
para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2% e o superior,
5%. Os analistas consideram que o teto da meta será estourado pelo
segundo ano consecutivo.
Aperto monetário
Principal instrumento para o controle da
inflação, a Selic continua em um ciclo de alta, depois de passar seis
anos sem ser elevada. De julho de 2015 a outubro de 2016, a taxa
permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os
juros básicos da economia até que a taxa atingiu 6,5% ao ano em março de
2018.
Em julho de 2019, a Selic voltou a ser
reduzida até chegar ao menor nível da história em agosto de 2020, em 2%
ao ano. Começou a subir novamente em março do ano passado, tendo
aumentado 11,25 pontos percentuais até agora.
Taxa Selic
A taxa básica de juros é usada nas
negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no
Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência
para as demais taxas da economia. Ela é o principal instrumento do Banco
Central para manter a inflação sob controle.
O BC atua diariamente por meio de operações
de mercado aberto – comprando e vendendo títulos públicos federais –
para manter a taxa de juros próxima ao valor definido na reunião.
Quando o Copom eleva a taxa básica de juros,
ele pretende conter a demanda aquecida, causando reflexos nos preços
porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Desse modo, taxas mais altas seguram a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é de que o
crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo,
reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.
Entretanto, as taxas de juros do crédito não
variam na mesma proporção da Selic, pois a Selic é apenas uma parte do
custo do crédito. Os bancos também consideram outros fatores na hora de
definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência,
lucro e despesas administrativas.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro
dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e
as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do
mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela
diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.Post: G. Gomes
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Informações: Banco Central
Via: ebc