
A
pesquisa nacional de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de agosto,
divulgada hoje dia 16 de Agosto de 2022) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC), mostrou continuidade do processo de
crescimento iniciado em janeiro, somando 82,1 pontos. É o maior nível
desde abril de 2020 (95,6 pontos) e superou os resultados do mesmo mês
nos 2 anos anteriores. O avanço de 1,1% do indicador no mês foi puxado
pelo maior otimismo das famílias com renda acima de dez salários
mínimos. A variação anual atingiu expansão de 17%.

A economista da CNC e coordenadora da
pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, disse que há mais de um ano as
famílias com renda superior a dez salários mínimos se mostram mais
otimistas do que aquelas de menor renda, mas que “este mês a variação
foi mais forte e isso chamou a atenção. Mas já faz um tempo que elas
estão mais otimistas”.
Catarina explicou que as famílias que
recebem mais de dez salários mínimos têm maior acesso à renda e estão
conseguindo consumir não só o que é essencial. “Elas estão tendo maior
capacidade de consumo, tanto que o indicador delas de consumo atual
atingiu 85,5 pontos em agosto, e o acesso ao crédito está acima de 100
pontos [100,5]. Elas já estão satisfeitas com a sua renda e com seu
crédito também. Em agosto deu uma virada e, apesar da inflação, as
famílias têm um rendimento maior e conseguem consumir”.
A economista da CNC disse que os juros altos
não têm um peso grande no rendimento dessas famílias e, por isso, elas
estão conseguindo ter um melhor acesso ao crédito. “Por causa desses
fatores, elas estão conseguindo se sobressair no consumo”.
Cautela
Já as famílias de renda até dez mínimos têm
que escolher o que consumir e acabam priorizando o consumo de bens
essenciais. Catarina disse que apesar do auxílio emergencial, os juros
altos e a inflação alta fazem com que esses consumidores sejam mais
cautelosos e tenham mais dificuldade para tomar o crédito para consumir.
“Elas estão avançando também, mas não tanto como as outras famílias”.
Catarina Carneiro disse que a perspectiva de
consumo das famílias de menor renda já passou a ser positiva neste mês.
“Apesar das dificuldades, elas estão aumentando sua perspectiva de
consumo, aos poucos”.
Para o grupo de famílias com renda acima de
dez salários mínimos, a intenção de consumo avançou 3,3% em agosto,
enquanto para o grupo de menor renda, o ICF apresentou variação positiva
de 0,4%.
A CNC destacou, no mês de agosto, o
crescimento do nível de consumo atual (2,8%), o maior dos últimos 6
meses. Esse item foi o que obteve o maior crescimento em ambas as
categorias de renda: 2,1% para famílias com renda abaixo de dez salários
mínimos e 5% para famílias cuja renda supera dez mínimos.
Emprego
A pesquisa da CNC mostrou que, em relação ao
mercado de trabalho, os jovens abaixo de 35 anos de idade são os mais
favorecidos, ocupando 80,6% das vagas de emprego abertas em junho, de
acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(Caged). Assim, essa parcela da população aparece com maior disposição
para consumir.
“Os jovens abaixo de 35 anos são os que
estão consumindo mais, justamente porque estão tendo maior acesso ao
emprego. Eles estão tendo mais rendimento, mais salários e estão
consumindo mais”.
O IFC que mede o nível de intenção de
consumo dos menores de 35 anos de idade ficou em 72,2 pontos em agosto,
com variação anual de 21,3%, contra indicador de 56,4 pontos para os
maiores dessa idade, cujo avanço foi de 10,2%, no mês pesquisado.
Catarina apontou que a perspectiva de
consumo está acelerando tanto para as famílias de maior rendimento como
de menor rendimento. Lembrou que, em julho, as famílias de menor
rendimento tiveram queda na intenção de consumo de 1%, devido às
incertezas da economia e aos desafios da inflação e dos juros.
“Neste mês, elas já recuperaram e viram que
os rendimentos do Auxílio Brasil vão ajudar. Com isso, estão aumentando
as perspectivas de aumento do consumo aos poucos”.
O IFC de agosto mostrou elevação de 0,5% na
intenção de consumo dos consumidores de menor renda. Considerando todos
os respondentes, a perspectiva de consumir no próximo trimestre teve
aumento de 0,8% no mês, contra 0,2%, em julho.
Quanto à perspectiva profissional, as
famílias de menor renda tiveram queda de 1%, enquanto as famílias de
maior renda estão mais otimistas em relação ao emprego nos próximos
meses (2%).
A maior parte dos consumidores revelou
segurança no emprego atual (33,3%), o que não ocorria desde abril de
2020. Embora tenha sido registrada essa melhora da percepção do emprego
atual, a perspectiva profissional recuou 0,3% no geral, retirando parte
do efeito positivo de julho (0,5%). “Essa queda pontual não retira todos
os ganhos que teve ao longo do ano”, disse a economista.
A pesquisa nacional de Intenção de Consumo
das Famílias (ICF) é um indicador antecedente, cujo objetivo é antecipar
o potencial das vendas no comércio. Todas as unidades da federação são
contempladas na pesquisa, totalizando 18 mil questionários, analisados
mensalmente.
Post: G. Gomes
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Informações: CNC