Pela
primeira vez em 9 anos, a União poderá encerrar o ano com superávit
primário, disse hoje dia 30 de Agosto de 2022 o secretário do Tesouro Nacional, Paulo Valle.
Ele comentou o resultado das contas do Governo Central em Julho, que
registraram o maior superávit primário para o mês desde o início da série histórica, em 1995.

“Há forte possibilidade de superávit
primário em 2022”, disse o secretário. “Estamos entrando nos trilhos e
voltando para os resultados fiscais pré-crise de 2015”, completou Valle.
Desde 2014, o Governo Central – Tesouro Nacional, Previdência Social e
Banco Central – registra déficits primários.
Instituído no fim da década de 1990, o
superávit primário representa a economia de recursos sem considerar os
juros da dívida pública. A cada ano, a Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) traz uma meta de superávit ou de déficit primário que deve ser
cumprida pela União, pelos governos locais e pelas empresas estatais.
Segundo os resultados divulgados hoje, o
Governo Central acumula superávit primário de R$ 73,088 bilhões nos 7
primeiros meses do ano. No acumulado em 12 meses, o resultado positivo
chega a R$ 115,6 bilhões. De acordo com o secretário do Tesouro
Nacional, em agosto esse resultado (em 12 meses) deverá cair para R$ 90
bilhões, por causa do pagamento de precatórios que haviam sido adiados,
mas existe chance de que a conta encerre o ano com superávit, apesar do
aumento de gastos sociais previstos para o segundo semestre.
Fatores extraordinários
A alta nas receitas em julho decorreu de
recebimentos acima do previsto. A primeira foi o pagamento de R$ 6,9
bilhões de dividendos da Petrobras, referentes à segunda parcela do
lucro do primeiro trimestre. O segundo foi o aumento da arrecadação do
Imposto de Renda por empresas que têm lucrado mais, principalmente com a
alta dos combustíveis.
No acumulado do ano, os dividendos das
estatais contribuíram para reforçar o caixa do governo em R$ 35,74
bilhões, principalmente por causa dos lucros da Petrobras. Além disso, a
receita de concessões aumentou R$ 39,34 bilhões de janeiro a julho em
relação ao mesmo período do ano passado. O principal motivo foi a
privatização da Eletrobras, que fez o governo vender concessões de
usinas hidrelétricas.
“Vem sendo um ano bastante acima da média,
mas impactado por essa receita adicional do petróleo”, disse o
secretário do Tesouro. Ele, no entanto, disse que cerca de R$ 57 bilhões
de receitas acima do previsto estão sendo devolvidos à população por
meio de desonerações de combustíveis e de produtos industriais e pelos
benefícios sociais reajustados ou criados para enfrentar a alta dos
combustíveis.
Apesar da previsão de superávit primário em
2022, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) estipula meta de déficit
primário de R$ 170,5 bilhões neste ano. No fim de julho, o Relatório
Bimestral de Receitas e Despesas reduziu a estimativa de déficit para R$
59,354 bilhões.
Compromisso fiscal
Apesar de fatores atípicos que estão
elevando a arrecadação, o secretário do Tesouro disse que o possível
superávit primário em 2022 decorre da recuperação econômica e do corte
de alguns gastos obrigatórios, após a reforma da Previdência.
“Tem tido recuperação na economia, tem tido a
melhoria das contas na Previdência, mas também existe o aumento das
receitas relacionadas aos preços do petróleo. Parte dessa receita além
do previsto foi usada para medidas de impacto. Essas receitas extras
trouxeram impacto positivo, mas a atividade econômica vem melhorando e,
nas nossas projeções, a gente continua a caminho da consolidação
fiscal”, disse.
Outro fator que, segundo o secretário,
aumenta as chances de superávit primário, é a diminuição dos gastos com o
enfrentamento à covid-19. Nos 7 primeiros meses de 2022, o volume de
créditos extraordinários caiu R$ 60,8 bilhões em relação ao mesmo
período do ano passado, em valores corrigidos pela inflação. “Se
excluirmos as despesas com covid, há trajetória bastante estável dos
gastos obrigatórios”, explicou Valle.
Contingenciamento
Em relação às medidas provisórias (MP) que
adiam para 2023 gastos com cultura e ciência e tecnologia, Paulo Valle
disse que os textos abrirão espaço para descontingenciar (desbloquear)
parte do Orçamento. Ontem (29), o governo publicou uma MP que transfere
para o próximo ano os gastos com as leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo,
aprovadas para ajudar o setor cultural afetado pela pandemia.
Outra MP, também publicada ontem, limita o
uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT) em 2022 e adia gastos para os anos seguintes. O
secretário do Tesouro não apresentou estimativas precisas, mas disse que
pelo menos R$ 3,8 bilhões que estavam programadas para 2022 serão
jogadas para 2023, abrindo espaço para desbloquear parte do Orçamento.
No fim de julho, o governo tinha bloqueado R$ 6,739 bilhões do Orçamento,
o que elevou para R$ 12,736 bilhões o total de recursos contingenciados
em 2022. A maior parte dessas verbas corresponde às emendas de relator
no Orçamento, mas setores como educação superior também sofrem com os
cortes orçamentários.Post: G. Gomes
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Informações: Tesouro Nacional