A
queda do preço internacional do ferro e o encarecimento de
fertilizantes e petróleo fizeram o superávit da balança comercial
encolher em agosto. No mês passado, o país exportou US$ 4,165 bilhões a
mais do que importou -- queda de 48% em relação ao registrado em Agosto
do ano passado.
De janeiro a agosto deste ano, a balança comercial acumula superávit de
US$ 44,054 bilhões. Isso representa 15,8% a menos que o registrado de
janeiro a agosto do ano passado. Apesar do recuo, o saldo é o segundo
melhor da história para o período, perdendo apenas para os oito
primeiros meses de 2021, quando o superávit tinha fechado em US$ 52,039
bilhões
No mês passado, o Brasil vendeu US$ 30.84 bilhões para o exterior e
comprou US$ 26.675 bilhões. Tanto as importações como as exportações
bateram recorde em agosto, desde o início da série histórica, em 1989.
As exportações subiram 18,4% em relação a agosto do ano passado, pelo
critério da média diária. As importações, no entanto, aumentaram em
ritmo maior: 31,5% na mesma comparação.
No caso das exportações, o recorde deve-se mais ao aumento dos embarques
que dos preços internacionais das mercadorias do que do volume
comercializado. No mês passado, o volume de mercadorias exportadas subiu
em média 8% na comparação com agosto do ano passado, enquanto os preços
médios aumentaram 5,3%.
A desaceleração dos preços foi puxada pelo
minério de ferro, cuja cotação caiu 52,6% na mesma comparação, e por
produtos semiacabados de ferro ou de aço, cujo preço recuou 14,3%.
Nas importações, a quantidade comprada subiu 14,9%, mas os preços médios
aumentaram 20,5%. A alta dos preços foi puxada principalmente por
adubos, fertilizantes, petróleo, gás natural, carvão mineral e trigo,
itens que ficaram mais caros após o início da guerra entre Rússia e
Ucrânia.
Setores
Ao comparar o setor agropecuário, o aumento
nos preços internacionais pesou mais nas exportações. O volume de
mercadorias embarcadas subiu 10,7% em agosto na comparação com o mesmo
mês de 2021, enquanto o preço médio subiu 31,3%. Na indústria de
transformação, a quantidade exportada subiu 15,7%, com o preço médio
aumentando 13,9%.
Na indústria extrativa, que engloba a exportação de minérios e de
petróleo, a quantidade exportada caiu 6,6%, enquanto os preços médios
recuaram 22% em relação a agosto do ano passado. Embora o preço médio do
petróleo bruto tenha subido 28,6% nessa comparação, o preço do minério
de ferro caiu 52,6%, puxado pelos lockdowns (confinamentos) na China, que reduziram a demanda internacional.
Os produtos com maior destaque nas exportações agropecuárias foram milho
não moído, exceto milho doce (+136,8%), café não torrado (+24,2%) e
soja (+16,6%) na agropecuária. O destaque negativo foi a madeira bruta,
cujas exportações caíram 54% de agosto do ano passado a agosto deste
ano.
Na indústria extrativa, os maiores crescimentos foram registrados nas
exportações de óleos minerais brutos (+64,7%), outros minérios e
concentrados dos metais de base (+33,7%) e petróleo bruto (+10,6%). Na
indústria de transformação, as maiores altas ocorreram nos combustíveis
(+76,8%) e automóveis de passageiros (+100,7%).
Quanto às importações, os maiores aumentos foram registrados nos
seguintes produtos: cevada não moída (+1.133%), milho não moído (+86%) e
trigo e centeio não moídos (+37,8%), na agropecuária; petróleo bruto
(+174%) e carvão não aglomerado (+79,6%), na indústria extrativa; e
combustíveis (+65,1%) e adubos ou fertilizantes químicos processados
(+51,8%) e válvulas de cátodo (+65,2%), na indústria de transformação.
Em relação aos adubos e aos fertilizantes, o crescimento nas importações
decorre inteiramente do preço, que subiu 51,8% em agosto na comparação
com o mesmo mês do ano passado. O volume importado caiu 22,9% por causa
da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Estimativa
Em julho, o governo tinha reduzido para US$ 81,5 bilhões
a projeção de superávit comercial para 2022, por causa do encarecimento
do petróleo e dos fertilizantes. Apesar da queda na estimativa, esse
valor garantiria superávit comercial recorde para o país. A próxima
estimativa sai em outubro.
As estimativas oficiais são atualizadas a cada três meses. As previsões
estão mais otimistas que as do mercado financeiro. O boletim Focus,
pesquisa com analistas de mercado divulgada toda semana pelo Banco
Central, projeta superávit de US$ 68,06 bilhões neste ano.Post: G. Gomes
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Informações: Banco central