O
câncer de mama é a neoplasia mais frequente entre as mulheres no
Brasil, além de ser a principal causa de morte por câncer em todas as
regiões, exceto na Região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a
liderança. Estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta para
o surgimento de 74 mil casos novos por ano de câncer de mama no país,
no triênio 2023/2025.

De acordo com o Inca, a taxa de mortalidade
por câncer de mama, ajustada pela população mundial, atingiu 11,84
óbitos por 100.000 mulheres, em 2020, com as maiores taxas registradas
no Sudeste e no Sul, da ordem de 12,64 e 12,79 óbitos por 100.000
mulheres, respectivamente.
Neste domingo dia 5 de Fevereiro de 2023, quando se comemora o Dia
Nacional da Mamografia, o diretor executivo da Fundação do Câncer, Luiz
Augusto Maltoni, disse à fonte que o objetivo
da data é chamar a atenção para a importância do exame das mamas.
Segundo Maltoni, a primeira função principal da mamografia se refere às
mulheres que têm algum tipo de sinal ou sintoma, como presença de
nódulos ou dor nos seios.
“Para essas mulheres, (o exame) já é um dos
melhores métodos de diagnóstico do câncer da mama. A mamografia
bem-feita, com qualidade, consegue definir bem nódulos, presença de
alterações. A mamografia é um exame excelente para o estudo das mamas
naquelas mulheres que têm algum sintoma e para as quais ele foi indicado
pelos seus médicos”.
Outro aspecto considerado por Maltoni,
“talvez o mais importante na mamografia” é o que fala da detecção
precoce, do rastreamento. “São os exames realizados nas mulheres que não
sentem absolutamente nada, estão assintomáticas, não notaram nenhuma
alteração nas mamas e estão levando a vida normalmente”. Para essas
mulheres sem sintomas, o Ministério da Saúde recomenda que a mamografia
de rastreamento, ou precoce, seja feita a cada dois anos, na faixa
etária entre 50 e 69 anos de idade.
O diretor executivo da Fundação do Câncer
destacou que nas mulheres em que existe uma história familiar para
câncer de mama, especialmente na linha direta de parentesco, a
mamografia deve ser antecipada para a faixa acima de 35 anos.
“A importância da mamografia é essa: tanto
no diagnóstico das lesões que já estão dando sintomas e sinais, como,
sobretudo, para poder identificar precocemente alguma alteração nas
mulheres que não sentem nada”. Lembrou ainda que é fundamental
complementar a mamografia com o exame clínico das mamas por um
profissional de saúde pública treinado. O exame está disponível no
Sistema Único de Saúde (SUS) e na saúde complementar.
Sinais e sintomas
A ginecologista e obstetra Carla Maria
Franco Dias lembrou que os principais sinais e sintomas suspeitos de
câncer de mama são caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e
indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja;
alterações no bico do peito ou mamilo; e saída espontânea de líquido de
um dos mamilos. Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na
região das axilas.
Médica associada da Federação Brasileira das
Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e professora do
Instituto de Educação Médica (Idomed), Carla apontou que a detecção
precoce e o tratamento adequado do câncer de mama possibilitam alta
chance de cura e sobrevida em relação à doença.
A médica disse que, no caso de alterações na
mamografia, podem ser necessários exames complementares como a
ultrassonografia e a ressonância magnética das mamas.
“Na suspeita de câncer, é importante o
atendimento especializado pelo mastologista, a fim de realizar biópsia
da lesão mamária para confirmação da doença, feita geralmente através da
punção por agulha grossa - core biopsy ou mamotomia - ou por remoção cirúrgica incisional ou excisional.”
Embora a recomendação do Ministério da Saúde
e da Organização Mundial da Saúde (OMS) seja a realização da mamografia
de rastreamento (quando não há sinais nem sintomas) em mulheres com
idade entre 50 e 69 anos, a Febrasgo recomenda iniciar a mamografia a
partir dos 40 anos. A Fundação do Câncer considera, entretanto, que não
há embasamento científico para mudar de 50 para 40 anos.
Ações educativas
O projeto Sesc Saúde Mulher atua há mais de
uma década executando ações educativas com foco na realização de exames
de rastreamento do câncer de mama. A ação é realizada por meio da sua
rede de 25 unidades móveis que está presente em todas as regiões do
Brasil. Nos últimos dez anos, foram realizados pelo Sesc cerca de 245
mil exames em mulheres com idades entre 50 e 69 anos, faixa etária em
que há maior propensão ao câncer de mama.
A instituição é pioneira na utilização de
unidades móveis no Brasil, que levam mamógrafos a muitas localidades que
não possuem acesso ao aparelho. No ano passado, foram realizadas 38.460
mamografias pelo projeto. Para 2023, a meta é ultrapassar este número.
A diretora de Programas Sociais do Departamento Nacional do Sesc, Janaina Cunha, disse à Agência Brasil
que o projeto é muito importante para o Sesc, porque “traz grande
oportunidade de um número significativo de mulheres ter acesso ao exame,
que está posicionado entre as prioridades de saúde do país, mas que tem
uma demanda muito maior do que a capacidade de atendimento, sem contar
os municípios e as populações de regiões mais remotas”. Janaina afirmou
que, nesta enfermidade, o diagnóstico é essencial para o tratamento.
“Torna mais efetiva a resposta ao tratamento.”
Conforme explicou, um dos benefícios das
unidades móveis com mamógrafos é ter uma capilaridade muito grande,
conseguir um alcance cada vez maior e atender por demanda. Tanto os
municípios podem solicitar o atendimento ao projeto, como a demanda pode
ser identificada também por meio das regionais do Serviço Social do
Comércio (Sesc).
Barreiras
A diretora de Programas Sociais do Sesc
ressaltou, neste Dia Nacional da Mamografia, a importância de as
mulheres priorizarem o autocuidado e perderem o medo do diagnóstico.
“Com receio do resultado (da mamografia), muitas mulheres não fazem o
exame. A gente precisa enfrentar o diagnóstico para ter condições
adequadas de tratamento, caso esse diagnóstico seja desfavorável.”
Janaína chamou a atenção também para que, ao
encontrarem uma unidade móvel do Sesc Saúde Mulher, as mulheres
compreendam que receberão um tratamento humanizado, serão acolhidas
e terão um nível de conforto emocional muito grande. “Essa é a missão do
Sesc: acolher e proporcionar esse melhor atendimento, do ponto de vista
social e humano”.
As principais barreiras que impedem as
mulheres de realizarem mamografias são a falta de orientação adequada ou
acesso à informação sobre a doença, diagnóstico e tratamento;
dificuldade de agendar consultas e exames na sua localidade, devido a
problemas de deslocamento; falta de acolhimento da família e da
comunidade. Muitas mulheres, principalmente as mais humildes, têm
vergonha de realizar esse tipo de exame e outras não se sentem
confortáveis em realizá-los com profissionais do sexo masculino, por
exemplo. A diretora disse que os exames preventivos visam obter um
diagnóstico precoce e, portanto, com grandes chances de cura caso um
problema seja encontrado.
Atuação
O trabalho do Sesc é feito em parceria com
as autoridades de saúde municipais, estaduais e federal, com a
finalidade de complementação. Janaina Cunha esclareceu que após realizar
o exame com equipamentos e equipes especializadas, a unidade móvel
encaminha o relatório ao serviço público de saúde.
“E, lá, é consolidado o diagnóstico e
acionada a paciente. O papel do Sesc é oportunizar o acesso ao exame e a
estrutura e o acolhimento adequados para que isso aconteça. A partir
daí, a gente devolve para o setor público a responsabilidade no
atendimento àquela mulher, porque aí extrapola a competência do Sesc.
Essa parceria tem sido muito efetiva”.
O Sesc Saúde Mulher atua por localidades e
auxilia na formação de agentes comunitários que são responsáveis pela
busca de mulheres que atendam aos requisitos para a realização dos
exames. Cada mulher atendida pode se tornar uma multiplicadora em sua
comunidade. Desta forma, cria-se uma cultura de prevenção.
Outra informação importante do Sesc Saúde
Mulher é que as equipes do projeto são compostas majoritariamente por
profissionais do sexo feminino, a fim de promover o acolhimento de
outras mulheres.Post: G. Gomes
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Informações: Inca