O
grande volume de títulos prefixados em janeiro fez a Dívida Pública
Federal (DPF) iniciar o ano com forte queda. Segundo números divulgados
nesta terça-feira dia 28 de Fevereiro de 2023 pelo Tesouro Nacional, a DPF passou de R$ 5,951
trilhões em dezembro para R$ 5,769 trilhões no mês passado, com recuo de
3,07%.
Apesar da queda, o Tesouro prevê que a DPF subirá nos próximos meses. De
acordo com o Plano Anual de Financiamento (PAF), apresentado no fim de
janeiro, o estoque da DPF deve encerrar 2023 entre R$ 6,4 trilhões e R$
6,8 trilhões.
A Dívida Pública Mobiliária (em títulos) interna (DPMFi) caiu 2,88%,
passando de R$ 5,698 trilhões em dezembro para R$ 5,534 trilhões em Janeiro. No mês passado, o Tesouro resgatou R$ 216 bilhões em títulos a
mais do que emitiu, principalmente em papéis prefixados (com juros
fixos), que costumam vencer no primeiro mês de cada trimestre. A queda
na DPMFi só não foi maior porque houve a apropriação de R$ 51,77 bilhões
em juros.
Por meio da apropriação de juros, o governo reconhece, mês a mês, a
correção dos juros que incide sobre os títulos e incorpora o valor ao
estoque da dívida pública. Com a taxa Selic (juros básicos da economia)
em 13,75% ao ano, a apropriação de juros pressiona o endividamento do
governo.
No mês passado, o Tesouro emitiu R$ 84,56 bilhões em títulos da DPMFi.
Com o alto volume de vencimentos em Janeiro, os resgates somaram R$
315,30 bilhões.
No mercado externo, a queda do dólar em Janeiro reduziu um pouco o endividamento
do Governo.
A Dívida Pública Federal externa (DPFe) caiu 7,32%, passando
de R$ 264,72 bilhões em dezembro para R$ 252,45 bilhões em Janeiro. O
principal fator foi o recuo de 2,27% do dólar no mês passado.
Colchão
Após dois meses de alta, o colchão da dívida
pública (reserva financeira usada em momentos de turbulência ou de
forte concentração de vencimentos) teve leve queda em Janeiro. Essa reserva passou
de R$ 1,176 trilhão em dezembro para R$ 953 bilhões no mês passado. O
principal motivo, segundo o Tesouro Nacional, foi a concentração de
vencimentos em Janeiro.
Atualmente, o colchão cobre 7,62 meses de vencimentos da dívida pública.
Nos próximos 12 meses, está previsto o vencimento de R$ 1,418 trilhão
em títulos federais.
Composição
O alto volume de vencimentos mudou a
composição da DPF. A proporção dos papéis corrigidos pelos juros básicos
subiu de 38,25% em dezembro para 40,49% em janeiro. O PAF prevê que o
indicador feche 2023 entre 38% e 42%. Como esse tipo de papel voltou a
atrair o interesse dos compradores por causa das recentes altas da
Selic, a previsão é que o percentual volte a subir nos próximos meses.
Por causa da concentração de vencimentos, a fatia de títulos prefixados
(com rendimento definido no momento da emissão) caiu, passando de 27,01%
para 23,47%. O PAF prevê que a parcela da Dívida Pública Federal
corrigida por esse indicador terminará o ano entre 23% e 27%.
O Tesouro tem lançado menos papéis prefixados, por causa da turbulência
no mercado financeiro nos últimos meses. Esses títulos têm demanda maior
em momento de estabilidade econômica.
A fatia de títulos corrigidos pela inflação na DPF subiu, passando de
30,26% para 31,74%. O PAF prevê que os títulos vinculados à inflação
encerrarão o ano entre 29% e 33%.
Composto por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e
pela dívida externa, o peso do câmbio na dívida pública passou de 4,48%
para 4,3%. A dívida pública vinculada ao câmbio está dentro dos limites
estabelecidos pelo PAF para o fim de 2022, entre 3% e 7%.
Detentores
As instituições financeiras seguem como
principais detentoras da Dívida Pública Federal interna, com 27,3% de
participação no estoque. Os fundos de investimento, com 24,4%, e os
fundos de pensão, com 23,6%, aparecem em seguida na lista de detentores
da dívida.
A participação dos não residentes (estrangeiros) subiu, passando de 9,4%
em dezembro para 9,8% em janeiro. A alta ocorreu, apesar da turbulência
nos mercados externos. Os demais grupos somam 14,9% de participação.
Por meio da dívida pública, o governo pega dinheiro emprestado dos
investidores para honrar compromissos financeiros. Em troca,
compromete-se a devolver os recursos depois de alguns anos, com alguma
correção, que pode seguir a taxa Selic (juros básicos da economia), a
inflação, o dólar ou ser prefixada (definida com antecedência).Post: G. Gomes
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Informações: Tesouro Nacional Via: ebc