Ao
longo dos 100 primeiros dias de governo, nenhum conflito teve
temperatura mais alta que o do presidente Lula da Silva com o
Banco Central (BC). Na última quinta-feira dia 6 de Abril de 2023, em café da manhã com
jornalistas, Lula voltou a declarar que os juros estão muito altos e
disse que talvez seja necessário mudar a meta de inflação. Lula ainda não entendeu que precisa cortar gastos e investir onde precisa, povo produzindo e trabalhando, produz deflação, mas ao contrário, Lula criou 13 Ministérios, reativou Autarquias e Fundações e criou Secretarias, além de estatais que não serão privatizadas, os economistas de Lula pelo visto pouco sabem de Economia.
Desde agosto do ano passado, o BC mantém a
taxa Selic (juros básicos da economia), em 13,25% ao ano. A reação dos
membros do governo varia. Foi o que segurou a inflação, caso contrário estaríamos com a Economia falida.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem criticado o tom dos comunicados
do Comitê de Política Monetária (Copom), que não descarta novos
aumentos nos juros se a inflação continuar persistente. A ata do Copom,
que sai seis dias depois de cada reunião, tem saído com tom mais ameno, o
que faz o governo reduzir as críticas ao BC.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem dito que a redução da Selic não é fácil
porque houve um “deslocamento de demanda” em relação a bens. “A gente
tenta suavizar o ciclo. A gente olha para frente. A gente entende que os
juros altos causam esses impactos na parte produtiva. A gente tenta
suavizar isso, porque o nosso trabalho é fazer isso na forma que cause o
mínimo de dano possível a economia”, destacou o presidente do BC em
apresentação nesta semana a um banco de investimentos.
Postura
A postura do governo em relação ao Banco
Central divide os especialistas. Para o professor do Departamento de
Economia e de pós-graduação da Universidade Federal Fluminense (UFF),
André Nassif, as críticas são acertadas porque a atuação do BC impede a
retomada econômica. “Eu me sinto um pouco desapontado em relação aos 100
primeiros dias. Não em relação ao governo Lula em si, mas porque
existem travas institucionais, principalmente por parte do Banco
Central, que reduzem a autonomia do governo para fazer uma política que
gere empregos”, diz.
Professora emérita de economia da Fundação
Getulio Vargas (FGV), Virene Matesco contesta e diz que a postura da
autoridade monetária é acertada. “Qualquer outra política para combater a
inflação fora da política monetária [aumento de juros] é paliativo.
Quando o presidente Lula fica batendo no Banco Central, ele só piora a
situação. Que a presidenta do PT fale é uma coisa, mas o presidente da
República falar é outra coisa”, critica. O povo brasileiro com o mínimo de conhecimento sobre Economia, concorda.
Segundo ela, cada declaração de Lula contra a
política monetária provoca turbulências no mercado financeiro. “É como
se o presidente estivesse pagando [por meio de oscilações no dólar e nos
juros futuros] para criticar o Banco Central”, compara.
A divulgação do novo arcabouço fiscal parece
ter distendido as relações. Na última quarta-feira (5/04/2023), o presidente do
BC, Roberto Campos Neto, disse ter uma avaliação “superpositiva” das
novas regras e declarou que o futuro marco fiscal evitará o descontrole da dívida.
Paralelamente, o governo tem o poder de
indicar dois novos diretores do BC cujos mandatos acabaram em 28 de
março pela lei de autonomia do BC. Titular da diretoria mais importante,
a de Política Monetária, Bruno Serra já foi exonerado. O diretor de Fiscalização, Paulo Sérgio Neves de Souza, pode ser reconduzido.
Emprego e renda
Para os próximos meses, o governo tem vários
desafios. O principal é a aprovação do novo marco fiscal pelo Congresso
sem grandes mudanças. A equipe econômica também terá de contar com a
aprovação das medidas que revisam ou revertem incentivos fiscais
concedidos há décadas para garantir as receitas necessárias para cumprir
o novo arcabouço.
Enquanto o governo está em compasso de
espera, a Economia sente os efeitos da desaceleração. A criação de
empregos com carteira assinada nos dois primeiros meses do ano atingiu o nível mais baixo para o período desde 2020. A taxa de desemprego, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, caiu para 8,6% no trimestre encerrado em Fevereiro, mas o recuo deve-se à criação de vagas com baixos salários.
No curto prazo, dizem os especialistas, a
única alternativa para destravar o mercado de trabalho depende da
retomada dos investimentos públicos. “As obras públicas são um
importante motor para contratar trabalhadores no curto prazo. Uma saída é
a retomada de obras paradas, principalmente de creches. Além de
amenizar o problema de emprego, as creches têm uma função social e
ajudam mães que querem trabalhar fora e não conseguem”, diz Matesco.
Nassif é mais pessimista e diz que os
investimentos para gerar empregos dependem, neste momento, da queda de
juros. “Não há outra solução que não passe pela redução dos juros o mais
rápido possível. A inflação no Brasil não é de demanda, mas de choques
nos preços de combustíveis e de alimentos provocados pela retomada da
economia global no pós-pandemia e a guerra na Ucrânia”, declara.
Para esta semana, está previsto o
relançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do novo
marco das parcerias público-privadas (PPP). Em relação às obras paradas,
o governo lançou a plataforma Mãos à Obra, por meio da qual governos locais informam projetos interrompidos num banco de dados. Post: G. Gomes
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Informações: Banco Central
Via: ebc