As
famílias da classe C, que ganham entre R$ 5,2 mil e R$ 13 mil mensais,
gastam em média um terço, o equivalente a 33,3%, dos rendimentos com
alimentação por pessoa, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (25/04/2023) pelo
Instituto Locomotiva. Entre as famílias da classe B, com rendimento de
R$ 13 mil a R$ 26 mil, o percentual da renda comprometida com
alimentação cai para 13,2%.
Para as famílias com rendimentos entre R$
1,3 mil e R$ 5,2mil, classificadas como classes D e E, mais da metade do
dinheiro recebido mensalmente (50,7%) é gasto com comida.
O estudo foi encomendado pela empresa de benefícios VR.
De acordo com o estudo, para a classe C, os
benefícios como vale-refeição e vale-alimentação representam, em média,
entre 3% e 8,5% dos gastos com alimentação. Para as classes D e E, esses
benefícios chegam a cobrir 33% dessas despesas.
A classe C, segundo a pesquisa, representa
no Brasil aproximadamente 109 milhões de pessoas, a maioria negras
(60%). Quase a metade dessas famílias são chefiadas por mulheres (49%) e
52% dessa população não concluiu o ensino médio. “Chefiados por
mulheres porque parte é mãe solteira”, detalha o presidente do Instituto
Locomotiva, Renato Meirelles.
Poder de compra
Nos últimos anos, em um processo agravado
pela pandemia da covid-19, Meirelles disse que houve perda do poder de
compra dessas famílias. “Há cinco anos, com 40% do valor de um salário
mínimo dava para comprar uma cesta básica. Hoje, 59% do valor do salário
mínimo dá para comprar uma cesta básica. Ou seja, o poder de compra de
alimentos, dos itens básicos, diminuiu”, explicou.
Por isso, de acordo com ele, esses
consumidores se tornaram ainda mais atentos aos produtos que consomem.
“Uma radicalização do custo-benefício, que passa a ser muito mais
exigente nos produtos que ele está comprando, na relação qualidade
versus preço do que ele tá comprando”, ressalta.
Nessa camada da população, estratégias, como
adotadas por várias marcas, de reduzir o tamanho das embalagens ou a
qualidade da composição dos produtos como forma de disfarçar aumento de
preços tendem, segundo Meirelles, a ser especialmente mal vistas. “O
custo do erro na classe C é muito maior. Então, se o consumidor da
classe C compra um produto que está mais barato, mas não entrega o que
promete, ele vai ter que comer aquele produto o mês inteiro, porque a
grana que ele tinha para aquele produto era contada”, explica sobre o
impacto da redução da qualidade nessas famílias.
“Dentro do que cabe no bolso, ele vai buscar
a melhor qualidade, é esse o movimento que veio para ficar, isso não
vai mudar”, acrescenta o pesquisador.
Endividamento
Segundo a pesquisa, oito em cada dez
famílias da classe C têm dívidas em aberto, sendo que um em cada três
está inadimplente. De acordo com Meirelles, muitas vezes as dívidas são
contraídas como forma de garantir o consumo de itens básicos. “Quando o
salário acaba e o mês não, a classe C que tem cartão de crédito vai no
supermercado ou na farmácia e compra com o cartão de crédito para ganhar
20 dias para pagar”, disse.Post: H. Gomes
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Informações: ebc/VR