O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta terça-feira dia 2 de Maio de 2023, que o
governo brasileiro vai articular junto ao Brics, bloco econômico
integrado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e ao Fundo
Monetário Internacional (FMI) para socorrer a Argentina, em grave crise
econômica. O anúncio foi feito ao lado do presidente argentino Alberto
Fernández. Os dois se reuniram por quase quatro horas no Palácio da
Alvorada.
Lula afirmou que é preciso fazer com que o
FMI “tire a faca do pescoço da Argentina”. A articulação será coordenada
pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que participou da reunião na
Alvorada. “O FMI sabe como a Argentina se endividou, sabe para quem
emprestou o dinheiro. Portanto, não pode ficar pressionando um país que
só quer crescer, gerar empregos e melhorar a vida do povo”, ressaltou
Lula.
“Do ponto de vista político, eu me
comprometi com meu amigo Alberto Fernández que vou fazer todo e qualquer
sacrifício para que a gente possa ajudar a Argentina neste momento
difícil”, acrescentou.
Maiores parceiros comerciais do Brasil na
América do Sul, os argentinos enfrentam uma nova crise na economia, com
desvalorização do peso – a moeda local – perda do poder de compra e
altos índices inflacionários. Em março, a inflação no país vizinho
chegou a 104% ao ano.
Em relação ao Brics, o presidente Lula
informou que já conversou com a presidente do Novo Banco de
Desenvolvimento (NBD), Dilma Rousseff, para verificar a possibilidade de
o grupo ajudar a Argentina. Segundo ele, atualmente, as normas do bloco
não permitem apoio a países não membros. No entanto, uma mudança no
regulamento, com aval dos ministros da Fazenda do bloco, pode
possibilitar algum tipo de socorro financeiro.
“[Alberto Fernández] chegou apreensivo, e
vai voltar mais tranquilo. É verdade, sem dinheiro. Mas com muita
disposição política”, brincou Lula.
Linha de crédito
Outro tema da reunião é a criação de uma
linha de crédito para financiar empresas brasileiras que exportam para o
mercado argentino. Um dos pontos a ser acertado é qual garantia os
importadores argentinos podem oferecer, já que a moeda e os títulos
nacionais perderam valor com a crise econômica. As equipes dos dois
países irão se reunir nas próximas semanas para encontrar uma solução
aos entraves.
“O que quero deixar bem claro é que nós não
estamos fazendo uma discussão para ajudar a Argentina. A discussão é
outra. É que nós precisamos ajudar os empresários brasileiros que
exportam para Argentina e financiar as exportações brasileiras, como a
China faz para os produtos chineses”, explicou Lula.
“Estamos discutindo para que a gente ache
uma forma para que nossos exportadores continuem com as suas empresas
funcionando, gerando empregos e que as exportações e importações entre
Brasil e Argentina possam continuar crescendo”, acrescentou.
Já o presidente da Argentina, Alberto
Fernández, ressaltou que deseja que o Brasil retome o espaço ocupado
pelos chineses. “O Brasil perdeu, em grande parte, as exportações que
eram feitas para Argentina. Isso aconteceu porque a China financiou as
empresas chineses e ganhou parte do mercado ao longo de três anos. O que
eu quero é que o Brasil recupere esse espaço. Precisamos que o Brasil
recupere esse espaço”, afirmou Fernández.
Ele ainda agradeceu o apoio declarado do
presidente Lula em buscar socorro financeiro. “Celebro a posição do
governo brasileiro em relação à Argentina e ao Fundo Monetário
Internacional (FMI). Como vocês sabem, estamos negociando com o fundo o
programa com o qual nos comprometemos, porque de fato as situações
mudaram, não só pela guerra e pela seca. E saber que posso contar com a
ajuda do Brasil e do presidente Lula é de grande valia”, disse.
Participaram do encontro o vice-presidente
do Brasil, Geraldo Alckmin, o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel
Galípolo, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Aloizio Mercadante, e o assessor especial da Presidência
da República, Celso Amorim.Post: G. Gomes
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Informações: ebc