Desde o governo de Jair Bolsonaro que as atividades rurais tiveram crescimento acentuado tanto na agricultura quanto na Pecuária diversificada, pois tem apoio daquele governo para fixar o homem no campo lhes dando o apoio necessário tais como: Estradas, energia elétrica, poços artesianos, internet, crédito agrícola e facilitou o escoamento da produção.
Se mais desenvolvimento não acontece agora tem sua motivação na retaliação política do atual governo, que atrapalha quem produz em todas as áreas desse pais, no caso de muitas cidades do interior do nordeste, o governo cortou até a água e internet da população, provocando fome, miséria e êxodo rural novamente.
A
produtora rural Rafaela da Silva Alves, de 36 anos, tem uma pequena
propriedade no povoado Maranduba, em Poço Redondo, semiárido de Sergipe.
“Temos umas 15 vacas leiteiras, alguns bezerros, algumas novilhas e um
boi. Esse é o nosso rebanho hoje”, conta a pedagoga de formação. “Mas
sou mesmo é camponesa”, reforça. O pai dela era o dono da terra. “Ele
dividiu para os quatro filhos, tenho um pouco menos de terra porque
fiquei com a sede da propriedade”, conta.
No sertão do Nordeste, a agricultura
familiar e de pequenos produtores vem crescendo, especialmente na
produção leiteira. O produtor nessa região depende, em grande parte, da
receita mensal do leite para sua sobrevivência.
Os desafios são muitos, afirma Rafaela.
“Temos grandiosos desafios, considerando que estamos no sertão, no
semiárido. É o desafio de sempre pensar no inverno produtivo, para ter
comida suficiente para os animais, no acesso ao abastecimento de água,
que é por carro-pipa, por isso temos cisternas e poço. O tamanho da
terra dos pequenos agricultores também é um dos problemas que
enfrentamos para ir avançando com essa produção de gado leiteiro”.
A produtora, que também é integrante e porta-voz do Movimento dos Pequenos Agricultores,
diz que outro desafio é a ausência de incentivos para a produção
avançar. “É uma carência muito grande de programas e políticas públicas
para os pequenos agricultores que têm vaca leiteira. No último período
mesmo, não tivemos acesso a nada”, lamenta.
Há carência também de acompanhamento
técnico. “Ainda coloco no patamar dos desafios um acompanhamento técnico
mais contextualizado para essa realidade dos pequenos e médios
produtores que não têm tanta estrutura, tanta terra. Seria importante um
acompanhamento para que haja melhoria genética do rebanho e
condições de tratamentos mais alternativos para os pequenos agricultores
que sobrevivem do leite”.
Mesmo com tantos desafios, os dados mais
recentes do IBGE mostram que o Nordeste teve crescimento na produção
(12,8%) e alcançou a marca de 5,5 bilhões de litros. Os dados mais
recentes são referentes a 2021 e fazem parte da Pesquisa da Pecuária
Municipal (PPM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Investimentos no setor e condições climáticas mais
favoráveis nos últimos anos fazem a região aumentar a produção pelo
quinto ano seguido, informou o órgão.
São Paulo SP) - No sertão do nordeste brasileiro, a
produtora rural Rafaela Alves conta os desafios com a produção do gado
leiteiro. Rafaela e sua filha Ana Luiza, na pequena propriedade de gado
leiteiro em Sergipe.
Rafaela Alves espera que o clima favorável
se mantenha no inverno que está chegando. “Nós camponeses esperamos um
bom inverno, mas ao mesmo tempo estamos em dúvida por causa dos sinais
que o tempo está dando. No ano passado, tivemos um inverno bem melhor,
talvez um dos melhores dos últimos 30 anos!” A expectativa de produção
depende do clima, observa. “A expectativa que a gente faz com a produção
para o próximo período depende muito do inverno. É um grande desafio
assegurar comida para o rebanho e, sem chuva, tudo isso fica muito mais
complexo”, diz.
Os dados do IBGE, analisados pela Embrapa
Gado de Leite, indicaram queda da produção no Brasil no primeiro
trimestre de 2022, se comparado ao mesmo período de 2021, mas alguns
estados do Nordeste apresentaram crescimento, Sergipe está entre eles, sendo o segundo estado com maior crescimento na produção leiteira.
De acordo com a Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab), a Região Nordeste é exceção na redução geral da
produção de leite, registrando aumento de 4,1% de 2021 para 2022, com
destaque para o estado de Sergipe.
“Para a Conab, o aumento da produção do
Nordeste, em especial Sergipe, inclui fatores como melhora genética do
rebanho, desenvolvimento da produção da palma forrageira para
suplementação da alimentação e custos mais baixos, mas lembrando que
isso é para a produção em geral, não específica da agricultura
familiar”, detalha Ernesto Galindo, diretor substituto do Departamento
de Avaliação, Monitoramento, Estudos e Informações Estratégicas do
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA).
Fatores
O presidente da Cooperativa de Produtores de
Leite de Alagoas (CPLA), Aldemar Monteiro, explica como a alimentação
do rebanho com a palma forrageira favorece a produção no Nordeste. “A
palma forrageira é a base de alimentação do gado leiteiro no Nordeste, é
plantada em regiões semiáridas e sobrevive a grandes estiagens. É um
cacto altamente saboroso para o gado, que se alimenta dele misturado com
silagem de milho, uma combinação muito boa para o rebanho da região,
caminho para o desenvolvimento da área”, afirmou Monteiro.
O presidente da CPLA informou que em Alagoas
há cerca de 39 mil pequenos agricultores familiares e 2 mil médios e
grandes produtores. “Mesmo numa região territorial pequena, é uma
concentração muito grande de pequenos produtores”. A melhora das
condições climáticas também tem sido um fator positivo, acrescenta
Monteiro.
“Acredito que o crescimento no Nordeste se
deve à vocação do produtor, aliado às condições climáticas, boa para a
produção de leite, porque é uma região que durante o dia é quente, mas a
noite é fresca, uma característica que foi fundamental para o
desenvolvimento da cadeia produtiva de todo o Nordeste. Nos últimos três
anos, saímos de uma condição de seca muito severa, então essa melhora
nas condições climáticas começou a trazer novos negócios para Alagoas e,
principalmente, para Sergipe, que despontou muito, favoreceram a
silagem de milho e a produção de palma forrageira”, completa.
A produtora Rafaela, de Sergipe, conta que
alimenta seu rebando com a palma. “O rebanho come palma forrageira, com
rolão ou silo. Para as vacas de leite, acrescento a ração concentrada:
milho moído, soja, caroço e núcleo de leite”, detalha.
Fortalecimento
Monteiro explica outros fatores que
fortalecem a produção leiteira. “Alagoas conseguiu desonerar a cadeia
produtiva do leite, do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS), um incentivo fiscal muito grande para as indústrias
do estado. Isso fez com que conseguissem escoar sua produção. Ainda
temos novas fábricas de Sergipe entrando em Alagoas, um fator também
importante”.
Segundo o presidente da CPLA, outra
iniciativa vai incentivar a agricultura familiar do estado. “Estamos
montando a primeira secadora de leite em pó da agricultura familiar,
para atender a esses 39 mil pequenos produtores do estado. A secadora
vai ter capacidade para 400 mil litros de leite/dia, tudo isso cria uma
condição boa para a região e facilita o escoamento”.
“Há diversas causas para esse predomínio,
uma delas é o padrão histórico de ocupação fundiária com concentração de
terra e muitos minifúndios”, afirma Ernesto Galindo, do MDA. Segundo
ele, incentivos federais foram reforçados em anos anteriores, “apesar do
enfraquecimento das políticas nos anos recentes, algo que está sendo
retomado atualmente”.
Quanto aos incentivos, Galindo diz que as
políticas de reforma agrária existem há décadas, reforçadas nos últimos
30 anos com políticas de crédito fundiário. “Políticas de crédito
produtivo específicas para o setor surgiram no fim da década de 90,
políticas de assistência técnica, acompanhadas ou não de fomento, já
alcançaram centenas de milhares de agricultores. Além disso, há também
políticas de garantia de preço, garantia de safra, seguro produtivo
agrícola e mais recentemente, a partir da década de 2000, compras
públicas. Muitas delas concentradas em número no Nordeste, mas com
concentração histórica de valores na Região Sul do país”, detalha.
Característica regional
“A predominância da agricultura familiar e
de pequenos produtores no sertão se deve ao fato de que o sertanejo tem
experiência em conviver com a seca e fixa raízes no campo para que
possa sobreviver”, observa o professor João Batista Barbosa, do
Instituto Federal de Sergipe Campus Glória (IFS), na área de
Laticínios/Alimentos.
No Nordeste, a produção leiteira é
influenciada pelas condições climáticas, economia de cada estado, tipo
de alimentação disponível para os animais, entre outros fatores,
afirma Barbosa. “Vale ressaltar que nas regiões do Semiárido Nordestino a
produção de leite é afetada pela seca. Nas estações primavera e verão,
as temperaturas são altas e a falta de chuva dificulta a produção de
leite”, explica.
De acordo com dados da Pesquisa de Leite do
4º trimestre, do IBGE, a produção de leite inspecionada no Nordeste se
destaca nos estados do Ceará, de Pernambuco, Sergipe e da Bahia.
“Esse fato pode ser explicado pela implantação e melhoria das indústrias
presentes em cada região”, afirma o professor.
Na visão do médico veterinário George Pires
Martins, o crescimento se deve ao aumento do beneficiamento do leite.
“As indústrias estão crescendo e abrindo novas empresas, e a produção de
alimentos, principalmente na região de Sergipe, que desponta como forte
produtor de grãos, acaba barateando o leite”.
Para ele, o crescimento tecnológico também é
fator de destaque. “É uma região que tem muita cultura leiteira, e
agora as tecnologias estão começando a chegar, alguns produtores já
estão com sistemas que produzem volume maior de leite e isso rentabiliza
mais”, afirma Pires, que também é consultor de laticínios com atuação
técnica no Nordeste e criador do canal Leites e Derivados, em que fala sobre a cadeia produtiva do leite.
O consultor concorda com a produtora Rafaela
Alves em relação ao acompanhamento técnico. “Não temos uma política de
assistência técnica rural voltada para o pequeno produtor. Acredito que
essa atividade é muito mais forte por causa da cultura da região do que
por incentivos ou por resultado financeiro como um todo. Então, vem
muito mais da cultura da região, de quem está morando na zona rural,
esse pequeno produtor acaba fazendo a diferença no volume geral
produzido aqui no Nordeste”, destaca Martins.
Ele e outros especialistas do setor lácteo,
como produtores de leite, cooperativas e profissionais se reúnem nos
próximos dias 11 e 12 de maio em Garanhuns, Pernambuco, para o Milk Experience, evento para discutir temas relacionados ao setor lácteo e às práticas inovadoras. Segundo o Agricultural Outlook 2022-2031, relatório
da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),
os laticínios deverão ser o setor pecuário de mais rápido crescimento na
próxima década, com a oferta global de leite prevista para aumentar em
23%.Post: G. Gomes
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Informações: ebc