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20 janeiro, 2015

É saco de maldades, sim.

Ministro da Fazenda Joaquim Levy
Embora o ministro da Fazenda Joaquim Levy negue, é sim um “saco de maldades” o que o governo vem anunciando, a conta gotas, nos últimos 21 dias. São todas medidas econômicas que vão “tirar” da população de diferentes maneiras e intensidades.

Nesta segunda-feira (19) foi a vez do anúncio sobre o aumento dos impostos sobre importação, a volta da Cide (que aumentará a gasolina e o diesel) e o aumento do IOF sobre operações de crédito.

O saco de maldades começou a ser despejado na cabeça dos brasileiros ainda no penúltimo dia de 2014 quando o governo anunciou restrições aos benefícios previdenciários, como o seguro-desemprego, que terá regras mais restritivas.

Depois veio o anúncio do aumento da conta da luz. De juros mais altos da CEF para a casa própria. De corte de gastos para todos os ministérios, incluindo o da Educação, no que pese sermos agora uma “pátria educadora”.

Tudo isso faz parte da mesma coisa: o ajuste fiscal. Ele não é indolor, nem neutro.

O objetivo final do ajuste é aumentar o superávit primário, a reserva de dinheiro para pagar os juros da dívida. Para isso, cortam-se despesas governamentais e aumentam-se impostos. Os defensores do governo dizem que se trata de um “ajuste gradual”, ou seja, feito de modo a não afetar (tanto) a população, sem uma elevação imediata, por exemplo, das taxas de desemprego. Será?

Seja como for, depois do impostômetro em São Paulo, um placar que mede o quanto se paga de impostos por minuto, talvez agora seja a hora de criarmos o jurômetro.

Não custa lembrar, conforme escreveu o economista Luiz Gonzaga Belluzzo na revista Carta Capital recentemente, que entre 1995 e 2011, “o Estado brasileiro transferiu para os detentores da dívida pública, sob a forma de pagamento de juros reais, um total acumulado de 109,8% do PIB” (o Produto Interno Bruto, que é a soma de todas as riquezas produzidas pelo país). Ou seja: é como se em 16 anos seguidos de trabalho de todos os brasileiros, um fosse dedicado exclusivamente ao pagamento de juros para instituições financeiras.

Por ano, o Brasil paga o equivalente a 10 programas Bolsa-Família de juros para os credores da dívida pública.

Talvez o ajuste seja inevitável para evitarmos um mal maior, é verdade. Este mal é a inadimplência, é “quebrar” o país, como esteve perto de acontecer em 2002. As consequências seriam muito ruins – e não há força política de envergadura no Brasil disposta a assumir o risco. O PT foi a última voz de peso “em contrário”, até Lula assinar a Carta ao Povo Brasileiro de 2002, quando o partido assumiu que respeitaria os “contratos” e condições da dívida.

Se não se voltar a colocar na agenda política a questão de quanto pagamos de juros, porém, vai ser difícil entender porque os serviços públicos são tão precários e ineficientes. Uma coisa tem a ver com a outra (não é apenas corrupção!). O dinheiro para pagar os juros sai, afinal, dos nossos impostos, do orçamento que poderia ir para educação, saúde e tudo o mais. Ou alguém discorda?

Fonte:Yahoo
Post:G.Gomes
Canal: www.deljipa.blogspot.com.br


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