Com pouco mais de 100 empresas estatais que somam R$ 328 bilhões em valor de mercado, além do controle sobre diversos fundos de pensão ou fundos de investimentos com ativos superiores a R$ 450 bilhões, o governo federal é responsável por controlar parte considerável da economia do país. São, apenas para se ater a um exemplo, cerca de 52% do total de crédito concedido no país apenas pelos bancos públicos. Para garantir a fiscalização e o controle sobre tantos ativos, a Constituição estabelece que nomes indicados pelo governo possam ter remunerações extras, os chamados jetons, que garantiriam a estatais pagarem valores de mercados a seus diretores e conselheiros, atraindo apenas “pessoas qualificadas”. Nos últimos anos, porém, os jetons transformaram-se na nata das indicações políticas e uma moeda de troca importante.
Uma pequena elite de 456 servidores leva para casa mensalmente R$ 1,78 milhão, apenas para comparecer a uma reunião mensal nos conselhos de estatais. R$ 3,9 mil em média para 1 dia de trabalho mensal. Ministros, ex-presidentes de partidos, sindicalistas ou apadrinhados recebem a honraria, turbinando seus salários. Inúmeros são os que atingem com isso salários superiores ao teto salarial do Executivo, equivalente ao salário da presidente. Tais cargos se estendem aos governos estaduais e suas empresas estatais, mas em nenhum outro lugar como no governo federal o poder destes diretores é tão grande. Em alguns casos, as remunerações podem chegar aos milhões ao longo dos anos em que ministros e outros políticos se dignam a representar o governo em certas estatais. Apenas em 2014, ano em que todas as principais estatais não financeiras do país registraram queda no lucro, a remuneração de tais políticos ganhou um salto de 19%.
Aparelhar fundos de pensão foi uma estratégia calculada. Desde os anos 90, o Partido dos Trabalhadores e os sindicatos como a CUT ou a Bancoop, a cooperativa dos bancários, possuíam cursos para ensinar seus diretores sobre como atuarem para conseguir tais indicações e exercer influências sobre os fundos. Há pelo menos um ano tais remunerações são questionadas pelo Ministério Público para ministros e outros cargos – inúmeros outros, entretanto, recebem ou receberam tais valores.
Abaixo listamos 6 deles que mostram como o aparelhamento de fundos e estatais foi tão lucrativo para tantos políticos.
1 - DILMA ROUSSEFF
Ex-ministra de Minas e Energia e ex-ministra chefe da Casa Civil, Dilma tem sua carreira ligada intimamente ao setor de energia, atuando como secretária de Minas e Energia no governo gaúcho, algo que acabaria lhe rendendo o convite de Lula para ser sua ministra na área.
Dilma atuou durante anos como conselheira da Petrobras. Sob sua gestão à frente do conselho, a estatal realizou a aquisição da refinaria de Pasadena, e aprovou os planos de investimento do pré-sal. No conselho da empresa, Dilma contou ainda com a presença do empresário Jorge Gerdau, que dividiu com a atual presidente parte do bônus de R$ 8,2 milhões aprovado para ser distribuído entre os 10 conselheiros e 7 diretores da empresa – uma cifra que atualizada corresponde a cerca de R$ 1 milhão anual para cada conselheiro, incluindo a atual presidente.
2 - GUIDO MANTEGA
O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a ocupar cargos como a presidência do BNDES e o Ministério do Planejamento. Em comum, buscou imprimir suas ideias de que o Estado deveria induzir a economia por meio de seus braços, como bancos públicos ou empresas estatais. Guido foi durante anos um dos conselheiros da Br Distribuidora, a subsidiária da Petrobras responsável pela parte de abastecimento da companhia.
Não foi pela sua atuação durante o congelamento do preço e combustíveis na companhia (cujo prejuízo é estimado em mais de R$ 100 bilhões), que Guido ganhou o devido destaque. Durante a polêmica divulgação do resultado referente ao terceiro trimestre de 2014 da companhia, onde a empresa deveria reconhecer prejuízos com corrupção e desvalorização de ativos, Guido foi um dos mais atuantes defensores da não inclusão destes abatimentos do lucro da empresa – que, como se viu depois, causaram prejuízos estimados em R$ 88,6 bilhões, em valores de 2014. Pelos seus serviços prestados, Mantega recebeu R$ 19 mil mensais.
Somado a seu salário de ministro, Mantega foi remunerado em R$ 43 mil mensais durante seu prestigioso trabalho.
3 - VAGNER DE FREITAS (presidente da CUT)
Vagner Freitas preside atualmente a Central Única dos Trabalhadores, o maior sindicato do país. Mas não é por sua atuação como sindicalista que suas falas mereceram destaque. Em uma cerimônia realizada no Palácio do Planalto, Vagner proclamou, sob o silêncio da presidente, que ele e a CUT estariam dispostos a pegar em armas para defender o governo.
O discurso, que pouco causou espanto na imprensa brasileira, serviu para levantar um ponto importante sobre o conselho do BNDES – o banco responsável por 21% do crédito no país, ou cerca de R$ 190 bilhões anuais, e que financia 9 em cada 10 grandes empresas brasileiras: pela primeira vez em sua história a instituição contava com um sindicalista e exatos zero indicados por representações empresariais.
Com uma remuneração que pode chegar a R$ 20 mil mensais para comparecer a seis reuniões por ano, o ex-presidente da CUT certamente possui muito mais do que o apreço pelo governo Dilma para defendê-lo com unhas e dentes.
4 - FERNANDO PIMENTEL
Atual governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel foi durante anos ministro do Desenvolvimento nos governos Lula e Dilma. Representando o ministério no conselho do BNDES, Pimentel recebeu uma remuneração de R$ 18 mil. A remuneração gorda, entretanto, não superou a possibilidade de estabelecer uma sólida rede de contatos que um dos 5 maiores bancos do país possibilita. Segundo a PF, Pimentel e sua namorada, e atual esposa, viajaram em um avião de propriedade do empresário Benedito de Oliveira Neto, o Bené, preso na Operação Acrônimo.
Ainda segundo a PF, a esposa do governador recebeu doações de dinheiro realizadas por empresas com ligação com o banco público. Segundo a suspeita, a campanha do atual governador teria recebido destas empresas R$ 3,7 milhões.
5- PAULO OKAMOTO (presidente do Instituto Lula)
O ex-metalúrgico e atual presidente do Instituto Lula, Paulo Okamoto, é citado por muitos como o anjo da guarda, ou o “faz tudo” do presidente Lula (como citou Marcos Valério durante o julgamento do Mensalão). Durante o governo Lula, Okamoto presidiu o Sebrae, a parte do Sistema S dedicada a ampliar o empreendedorismo que conta com um orçamento de R$ 1,8 bilhões. O ex-tesoureiro da CUT, e fresador em tempos do sindicato dos metalúrgicos no ABC, recebia pelo cargo R$ 29 mil em salários e outros jetons. Okamoto ficou conhecido também pela generosidade com que pagava contas do amigo e ex-presidente Lula.
Atualmente, o presidente do instituto que leva o nome de Lula, se ocupa de cuidar das questões financeiras do ex-presidente, gerenciando seus ganhos em palestras – que, segundo estimativas, chegaram a R$ 300 mil mensais. Okamoto também é, como se descobriu recentemente após uma denúncia da revista Época, um dos diretores da Brasilprev, uma associação entre o Banco do Brasil e a americana Principal Financial Group, criada em 1993. Ele recebe mensalmente R$ 6,3 mil para participar das 6 reuniões anuais da empresa.
6- ALCEU COLLARES
O ex-governador do Rio Grande do Sul pelo PDT, Alceu Collares, pode contar com sua aposentadoria tranquila como deputado, que lhe rende R$ 12,3 mil mensais, além de sua aposentadoria como ex-carteiro nos Correios – e graças a uma ajudinha da atual presidente, sequer notará a falta que fazem os R$ 20 mil da pensão de ex-governador (extinta recentemente). Collares foi agraciado com um cargo no cobiçado conselho da Usina Binacional de Itaipu.
Os seis conselheiros nomeados pelo governo têm por obrigação comparecer a seis reuniões anuais em troca de um salário mensal de R$ 20,8 mil. Ao lado de Collares, o conselho conta com nomes como Celso Amorim, ex-chanceler do Ministério das Relações Exteriores, e Maurício Requião, irmão do senador Roberto Requião.
Outro ex-conselheiro famoso de Itaipu é o ex-tesouro do PT, João Vacari Neto, atualmente preso pela Operação Lava-Jato. Em sua declaração, Vacari alega ter tido renda de R$ 3,4 milhões nos últimos 7 anos, R$ 2 milhões dos quais, por conta de sua atuação como conselheiro na estatal federal. Segundo matéria publicada no O Globo, a nomeação possuía o intuito de aplacar a perda do cargo de presidente da Caixa.
O mandato de Vacari, preso em Curitiba, expiraria teoricamente em maio desse ano. Mas se há algo que não resta dúvida a respeito dessa gestão federal, é a sua capacidade de realocar seus sanguessugas políticos. Tudo, claro, em nome do povo brasileiro.
Fonte das Informações: NBO
Poste: G. Gomes
Canal: www.deljipa.blogspot.com.br
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