
O termo Sistema S aparece com frequência no
noticiário para se referir a nove instituições prestadoras de serviços
que são administradas de forma independente por federações e
confederações empresariais dos principais setores da economia. Apesar de
prestarem serviços de interesse público, essas entidades não são
ligadas a nenhuma das esferas de governo.



Estão no grupo tanto organizações voltadas à educação profissional, como:
» Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai);
» e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (Senac).
Quanto outras voltadas para a prestação de serviços ligados ao bem estar social, como:
» Serviço Social do Comércio (Sesc);
» e o Serviço Social da Indústria (Sesi).
Completam a lista:
» Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar);
» Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop);
» Serviço Social de Aprendizagem do Transporte (Senat);
» Serviço Social de Transporte (Sest);
» e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Mantidas com recursos das empresas de cada
setor, essas organizações oferecem um conjunto variado de serviços à
população, como escolas, cursos técnicos, pesquisas, atividades
culturais e esportivas.
A Agêncial explica
esta semana como funcionam essas entidades, que, apesar de
administrativamente separadas, têm muitas semelhanças entre si, além da
letra S no início de suas siglas.
História
A história do que hoje é chamado de Sistema S
começa oficialmente em 22 de janeiro 1942, com o decreto do então
presidente Getúlio Vargas, que criou o Senai, a mais antiga organização
do grupo. A fundação do serviço de aprendizagem durante o Estado Novo
(1937-1945) faz parte de uma tentativa de avançar na industrialização do
país, qualificando a mão de obra operária.
Desde sua fundação, o Senai já teve mais de
70 milhões de alunos, e o número atual de matrículas está em cerca de
2,4 milhões. A oferta de vagas acompanha o desempenho da economia e já
chegou a ser de 4 milhões em 2014.
Com a queda de Getúlio Vargas e a
redemocratização, foram criados em 1946 o Serviço Nacional de
Aprendizagem do Comércio (Senac) e os serviços sociais da indústria e do
comércio, Sesi e Sesc, inspirados pela Carta da Paz Social, em que
representantes patronais se comprometem a melhorar as condições de
trabalho.
Em 10 de janeiro de 1946, um decreto do
ex-presidente José Linhares (ficou no cargo de 29 de outubro de 1945 a
31 de janeiro de 1946) atribui à Confederação Nacional do Comércio (CNC)
a função de organizar e administrar escolas de aprendizagem comercial, o
Senac. Já em 13 de setembro do mesmo ano, outro decreto presidencial,
agora do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, atribui à CNC as mesmas
responsabilidades sobre um serviço social para "o bem-estar social e a
melhoria do padrão de vida dos comerciários e suas famílias, e, também,
para o aperfeiçoamento moral e cívico da coletividade".
Dutra já havia determinado em 25 de junho de
1946 que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) criasse e
administrasse o Sesi, "com medidas que contribuam para o bem-estar
social dos trabalhadores na indústria e nas atividades assemelhadas,
concorrendo para a melhoria do padrão geral de vida no país, e, bem
assim, para o aperfeiçoamento moral e cívico e o desenvolvimento do
espírito de solidariedade entre as classes".
O quinto serviço mais antigo do Sistema S é o
Sebrae, criado em 1972 e, diferentemente dos demais, vinculado ao
governo federal. Um fato curioso é que sua sigla na época começava com
C, por ser o Centro Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Só
a partir de 1990, a entidade transformou-se num serviço social
autônomo, trocando o C pelo S de serviço.
Em 1991, foi criado o Senar, para a
aprendizagem rural, e, em 1993, foi a vez do Sest e Senat, para a
assistência e o treinamento de trabalhadores dos transportes. A lista
continuou em 1998, com o Sescoop, para a aprendizagem dos trabalhadores
de cooperativas.
Serviços
As entidades do Sistema S cresceram ao longo
das décadas e ampliaram o leque de serviços oferecidos. O Senai, por
exemplo, além dos cursos profissionalizantes, atua de forma relevante
nas áreas de metrologia e pesquisa, ajudando nas certificações e
aprimoramentos de produtos e cadeias de produção.
Seu equivalente para o comércio e os
serviços, o Senac oferece uma gama de atendimentos prestados por seus
alunos e profissionais que vão de saúde e beleza a hospedagem. Já o Sesi
e o Sesc têm escolas, teatros, serviços de saúde, clubes esportivos,
prêmios de incentivo à cultura e uma extensa programação de eventos
artísticos e culturais em todas as regiões do país.
As ações e serviços chegam a municípios de
todos os estados, inclusive com escolas que funcionam em unidades móveis
e itinerantes, e os trabalhadores e empresários interessados devem
pesquisar o que está disponível em sua região ou no formato virtual.
Sebrae, Sest Senat, Senar e Sescoop também
oferecem cursos de atualização e especialização, capacitação,
consultorias, parcerias para micro e pequenas empresas e cooperativas e
uma série de eventos e palestras presenciais e a distância.
Pandemia
Além da oferta cursos e serviços online para
a população em quarentena, as entidades do Sistema S atuaram para
reforçar as respostas da sociedade e do poder público à pandemia do novo
coronavírus em diversas frentes. O Sesc, por exemplo, mobilizou seu
banco de alimentos, o Mesa Brasil, em prol da segurança alimentar das
famílias impactadas pela paralisação das atividades econômicas. Segundo o
diretor-geral do Sesc, Carlos Artexes, o volume de alimentos doados
chegou a 40 milhões de quilos distribuídos em todo o país.
"Atuamos em todos os estados e fizemos uma
coleta extraordinária de alimentos. O Sesc faz isso há muitos anos e
entendemos que tínhamos que dar prioridade a esse atendimento", disse
ele, que defende a importância da promoção do bem-estar social para a
construção empresas de alto nível, além de benefícios para a sociedade.
"Nosso grande desafio é que vamos viver um
momento muito difícil. O aumento da pobreza no Brasil é um registro
evidente, e, portanto, vamos ter que atuar não só no campo da
assistência e da saúde como na questão do lazer, que se torna
fundamental, e no campo da própria educação formal", afirmou.
Entre outras ações, o Sebrae, por sua vez, lançou editais
para apoiar micro e pequenas empresas de diversos setores. Em uma das
chamadas públicas, aberta no Rio de Janeiro, foi oferecido apoio a
setores como os de panificação e confeitaria, instalações prediais,
indústria moveleira fluminense e de moda.
Já o Sesi São Paulo incluiu na resposta à pandemia a possibilidade de testagem para covid-19 nas empresas, além de orientações sobre a escolha do teste mais indicado e outras medidas de prevenção e segurança.

No caso do Senai, as ações incluíram uma
parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e
a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) para o
Edital de Inovação da Indústria Missão contra a covid-19. O
diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi, explicou que as ações apoiadas
eram de implementação imediata e permitiram a renovação de mais de dois
mil respiradores que estavam parados, e a redução da dependência
brasileira em relação à importação desses aparelhos e também de
equipamentos de proteção individual.
"Em março, o Brasil produzia menos de 500
respiradores, e hoje é capaz de produzir até seis mil respiradores por
mês, o que torna o país autossuficiente", afirmou Lucchesi, que vê a
transformação digital exigida pela Quarta Revolução Industrial como um
desafio que vai requerer o fortalecimento da educação profissional no
país.
"Essa é uma agenda importante para o país.
Se o Brasil quer ter ambições para a Quarta Revolução Industrial, e acho
que temos e devemos ter, o Senai é uma instituição importante. O Brasil
tem um grave problema de produtividade no trabalho", opinou.
Financiamento
As nove entidades do Sistema S são mantidas
com recursos de empresas dos setores correspondentes. As contribuições
dessas companhias ao sistema incidem sobre a folha de pagamento, são
recolhidas pelo governo e repassadas às entidades. Além disso, parcerias
com as empresas para ações específicas de consultoria e treinamento,
venda de ingressos, cursos pagos e outras medidas também contribuem para
a receita dessas organizações.
A alíquota da contribuição empresarial para
os serviços de aprendizagem (Senai, Senac e Senat) é de 1%. As exceções
são o Senar, que tem contribuição variável de 0,2% a 2,5%, e o Sescoop,
para o qual a alíquota é de 2,5%. Já os serviços sociais (Sesi, Sesc e
Sest) recebem 1,5% da folha.
No caso do Sebrae, as micro e pequenas
empresas (aquelas com faturamento bruto anual de até R$ 4,8 milhões)
contribuem com alíquotas que vão de 0,3% a 0,6%.
Em 2019, a arrecadação total dessas
entidades foi de R$ 17,791 bilhões. Com a pandemia de covid-19, uma das
medidas propostas pelo governo federal em 2020 foi a redução das
contribuições empresariais ao Sistema S pela metade nos meses de abril a
junho. O corte de 50% nas contribuições foi definido pela Medida
Provisória 932/2020.
Informações: A. Brasil
Post: G. Gomes
Home: www.deljipa.blogspot.com
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