Alvo de críticas de todos os lados, o primeiro-ministro da França, Sébastien Lecornu, renunciou menos de 24 horas após nomear seu governo e com menos de um mês no cargo, mergulhando o país em uma profunda crise política.
A presidência francesa disse em comunicado nesta segunda-feira que o presidente Emmanuel Macron aceitou o pedido de renúncia. Lecornu havia substituído seu antecessor, François Bayrou, para se tornar o quarto primeiro-ministro francês em pouco mais de um ano.
Aliado fiel de Macron, Lecornu disse que as condições não eram mais adequadas para ele permanecer no cargo, após falhar em construir um consenso.
“Faltaria pouco para funcionar”, disse Lecornu em seu discurso de renúncia. “Ao ser mais altruísta para muitos, ao saber mostrar humildade. Deve-se sempre colocar o país antes do partido,” acrescentou.
Os opositores de Macron imediatamente tentaram capitalizar a chocante renúncia, com o partido de extrema-direita Reagrupamento Nacional pedindo que ele convoque novas eleições antecipadas ou renuncie.
Na extrema-esquerda, o partido França Insubmissa também pediu a saída de Macron, enquanto vozes à esquerda pediram a revitalização de uma coalizão composta por esquerdistas, socialistas, verdes e comunistas.
A renúncia abalou os investidores, fazendo o índice CAC-40 das principais ações francesas negociadas em Paris chegar a cair maia de 2%.
Ministros nomeados na noite anterior se viram na situação bizarra de se tornarem ministros interinos – mantidos no cargo apenas para gerenciar os assuntos do dia a dia até que um novo governo seja formado – antes mesmo de alguns deles terem sido formalmente empossados.
Agnès Pannier-Runacher, a recém-nomeada ministra da ecologia, postou no X: “Me desespero com esse circo.”
A escolha de ministros por Lecornu foi criticada em todo o espectro político, particularmente sua decisão de trazer de volta o ex-ministro das Finanças Bruno Le Maire para servir no ministério da Defesa, com críticos dizendo que, sob sua supervisão, o déficit público da França disparou.
A principal tarefa de Lecornu teria sido aprovar um orçamento, já que a França enfrenta uma enorme crise de dívida. No final do primeiro trimestre de 2025, a dívida pública da França era de 3,346 trilhões de euros, ou 114% do Produto Interno Bruto (PIB). O serviço da dívida continua sendo um item importante do orçamento, representando cerca de 7% dos gastos federais.
Outras posições-chave continuaram amplamente inalteradas em relação ao gabinete anterior, com o conservador Bruno Retailleau permanecendo como ministro do Interior encarregado da polícia e segurança interna, Jean-Noël Barrot, como ministro das Relações Exteriores, e Gérald Darmanin, no Ministério da Justiça.
A política francesa está em desordem desde que Macron convocou eleições antecipadas no ano passado, que resultaram em um Parlamento profundamente fragmentado. Legisladores de extrema-direita e esquerda ocupam mais de 320 assentos na Assembleia Nacional, enquanto os centristas e conservadores aliados ocupam 210.
Buscando consenso na Assembleia Nacional, Lecornu consultou todas as forças políticas e sindicatos antes de formar seu gabinete. Ele também havia prometido que não recorreria a um poder constitucional especial, utilizado por seus predecessores, para forçar a aprovação de orçamentos no Parlamento sem votação e que, em vez disso, buscaria um consenso com legisladores da esquerda e da direita. Fonte: Associated Press.
Post: G. Gomes
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