Construída no período de 1907 a 1912, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré sempre teve sua historia envolvida em lendas e mistérios, desde o início de suas obras e mesmo depois de sua desativação.
A concretização dessa grandiosa obra só aconteceu após a assinatura do Tratado de Petrópolis celebrado entre o Brasil e a Bolívia em 1903. Nesse tratado ficou acordado que a Bolívia cederia ao Brasil as terras que compõe o estado do Acre e em troca o Brasil construiria uma ferrovia ultrapassando o trecho encachoeirado do Rio Madeira facilitando o acesso da Bolívia ao Oceano Atlântico.
Antes porem, houve duas tentativas de se construir essa ferrovia: a primeira tentativa em 1872 com o Coronel Earl Church. A segunda tentativa ocorreu, seis anos depois, em 1878, quando Cel. Church contratou a Construtora P & T Collins, pertencente aos irmãos Philips e Thomas Collins. Essas duas tentativas não foram bem sucedidas.
O norte americano Percival Farquar iniciou a construção da lendária Madeira Mamoré em 1907. Esta monumental obra de 366 quilômetros foi construída por trabalhadores vindos de várias partes do mundo: americanos, ingleses, turcos, alemães, chineses, indianos, italianos, libaneses, canadenses, japoneses, russos, suecos, irlandeses, franceses, barbadianos, espanhóis, portugueses e muitos outros. A Madeira Mamoré contratou trabalhadores de mais de 50 nacionalidades diferentes.
As adversidades eram muitas a começar pela própria natureza com uma selva exuberante e desconhecida, cheia de mistérios, como animais selvagens e muitos índios. Porem as doenças tropicais, exclusivas da região, foi a maior das adversidades: malária, febre amarela, impaludismo, beribéri e outras infecções que tiraram a vida de milhares de operários.
Em 1907 foi construído o Hospital da Candelária, o primeiro hospital especializado em doenças tropicais do mundo. O médico sanitarista Osvaldo Cruz esteve visitando as obras da ferrovia em 1910 e ficou impressionado com o hospital, que teve registrado durante o período de 1907 a 1912 mais de 145.000 pacientes com diversos tipos de doenças.
A maior de todas as lendas envolvendo a EFMM, diz que cada dormente representa uma vida, o que é um grande exagero, pois no Hospital da Candelária foram registrados 1.552 óbitos. Estes somados aos que morreram fora dele, se aproximam a um total de 6.200 óbitos e foram assentados 550.000 dormentes (aproximadamente).Toda a documentação e o idioma utilizado no complexo da EFMM era o inglês, falava-se muito pouco português, tanto que o primeiro jornal impresso na cidade de Porto Velho foi o “The Porto Velho Times”, cuja impressão toda era toda em inglês.
No dia 10 de julho de 1931 a EFMM foi nacionalizada e seu primeiro diretor brasileiro foi o Capitão Aluizio Pinheiro Ferreira, nomeado pelo Presidente Getulio Vargas.
Antes de Aluízio Ferreira todos os diretores da Estrada de Ferro Madeira Mamoré tinham sido americanos ou ingleses. Nessa época Porto Velho era um pequeno município do Estado do Amazonas.
A desativação foi decretada pelo Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco em 1966, porem a desativação aconteceu gradativamente, enquanto eram construídas as rodovias BR 364 e BR 425.
No dia 10 de julho de 1972 os trens se concentraram no Complexo da EFMM e apitaram pela última vez, anunciando a desativação definitiva da ferrovia. Dia de muita tristeza e muitas lágrimas, não só daqueles que trabalharam na EFMM como do povo de Porto Velho.
Nestes 60 anos de atividades enfrentou algumas dificuldades, mas teve também muitas glórias. Foi muito importante para a região, pois era a única ligação entre os municípios de Porto Velho e Guajará Mirim. Na época dos seringais de borracha milhares de toneladas foram transportadas sobre os trilhos desta importante ferrovia.
A EFMM ainda vive em nossos corações...
Por: Anizio Gorayeb
Postagem: G. Gomes
Canal: www.deljipa.blogspot.com.br
Publicação Original Tudorondonia
Link da Imagem: http://migre.me/qt8OZ
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