A filósofa Judith Butler, 61 anos, foi agredida ao embarcar no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira 10. Segundo relatos de testemunhas, a escritora estava na área de check-in quando foi perseguida por uma mulher que segurava um cartaz com a foto desfigurada de Butler e gritava repetidos xingamentos, além de empurrá-la com o cartaz feito de madeira e cartolina.
A mesma agressora também proferiu insultos racistas à atriz/MC Danieli Lima, 30 anos, que tentou intervir ao perceber a violência contra a filósofa. “Vi a Judith Butler passando e uma senhora atrás com uma placa na mão chamando de pedófila, nojenta, que não era bem vinda no Brasil. Ela estava muito exaltada, uma agressividade muito grande, xingava em inglês e português e empurrava ela com o cartaz”, explicou ela, que estava embarcando para o Rio de Janeiro. “Eu fui atrás e falei que ela não poderia fazer isso, que ela precisava respeitar as pessoas”, conta ela, cujo nome artístico é Dani Nega.
Em seguida, a mulher virou-se para Danieli, abriu os braços e começou a gritar:
“Quem é você? Você é feia, feia, olha o seu cabelo, olha a sua cor, vai pentear o cabelo, você é feia!”, relatou a testemunha, que registrou boletim de ocorrência na delegacia no próprio aeroporto por racismo.(NBO)
O nome: Queer
Queer é uma palavra inglesa, usada por anglófonos há quase 400 anos. Na Inglaterra havia até uma “Queer Street”, onde viviam, em Londres, os vagabundos, os endividados, as prostitutas e todos os tipos de pervertidos e devassos que aquela sociedade poderia permitir. O termo ganhou o sentido de “viadinho, sapatão, mariconha, mari-macho” com a prisão de Oscar Wilde, o primeiro ilustre a ser chamado de “queer”.
Desde então, o termo passou a ser usado como ofensa, tanto para homossexuais, quanto para travestis, transexuais e todas as pessoas que desviavam da norma cis-heterossexual. Queer era o termo para os “desviantes”. Não há em português um sinônimo claro, talvez, como propõe a professora Berenice Bento, possamos pensar o queer como “transviado”.
A Teoria Queer
A Teoria Queer começa a se consolidar por volta dos anos 90, com a publicação do livro “Problemas de Gênero” (Gender Troube) da Judith Butler. Fruto de uma trajetória que ela já vinha acompanhando desde um seminário, que carregava o nome “queer”, feito nos anos 80, por Teresa de Lauretis. De Lauretis, foi a primeira a pensar em “Tecnologias de Gênero”, aqui entendidas como as técnicas de ser homem ou ser mulher que aprendemos desde cedo.
Nos anos 70, as universidades americanas, são tomadas (ainda bem), por movimentos populares, e começam a criar os chamados “Estudos Culturais” como forma de dar conta da compreensão do crescente Movimento Negro – marcadamente os Panteras Negras – e para dar conta de outros movimentos como o “Free Speech” (Liberdade de Expressão), e do movimento feminista – com a criação dos Women Studies. Assim como outros movimentos, como os movimentos gay e lésbicos. Antes de prosseguir sobre “O que é a Teoria Queer”? Acho importante fazer uma pausa para historicizar o conceito de “Gênero” , pois a Teoria Queer é sobre tudo aquilo que escapa a nossas formulações habituais. Às formulações do senso comum.
Gênero
Não é possível falar em Teoria Queer sem pensarmos na categoria de “Gênero” como sendo algo fluido, socialmente construído, performado e sistémico. Parafraseando Teresa de Lauretis: um sistema sexo-semiótico, de interpretação dos dados biológicos como produtores de diferenças, que não são per si, mas produtos da interpretação arbitrária dos “marcadores biológicos”. Existem, ainda segundo a autora “Tecnologias de Gênero”, ou seja, construção de técnicas de viver que determinam como um sujeito pode se inserir na sociedade segundo normas específicas de “ser homem” ou “ser mulher”.(Opera Mundi/Uol)
Informações:Nbo
Texto da Teoria Quuer: Opera mundi
Post: G. Gomes
Canal: www.deljipa.blogspot.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário
COMENTE E COMPARTILHE. OBRIGADO!