A
Justiça do Rio condenou a Unimed do estado, a Unimed Federação Estadual
das Cooperativas Médicas e a Supermed Administradora de Benefícios a
fazer a reintegração imediata ao plano de saúde, nas mesmas condições
anteriormente contratadas, de um menino de 11 anos de idade, com
deficiência de Transtorno do Espectro Autista (TEA). Mesmo com todas as
mensalidades quitadas, a operadora comunicou o cancelamento de forma
unilateral do plano, acarretando a suspensão do tratamento médico da
criança. A decisão deverá ser cumprida no prazo de 24 horas, sob pena
de multa diária no valor de R$ 1 mil.
A desembargadora Regina Lúcia Passos, da 5ª
Câmara de Direito Privado, relatora do processo, ressalva que a tutela
poderá ser cumprida no mesmo prazo, com inserção de plano equivalente,
com as mesmas coberturas e valor das mensalidades, desde que sejam
conveniados os estabelecimentos atualmente frequentados pelo autor em
tratamento multidisciplinar.
A magistrada reformou decisão anterior do juízo da 2ª Vara Cível de Cabo Frio, que tinha indeferido a tutela provisória de urgência. O menino busca se manter vinculado ao plano de saúde até conseguir nova contratação, garantindo a continuidade do seu tratamento médico por métodos específicos e por equipe multidisciplinar composta por psicólogo, nutricionista, fonoaudiólogo e outros.
Na decisão, a desembargadora Regina Passos disse que “é inadmissível que a operadora do plano de saúde, a quem o poder público autorizou a lidar com a saúde da população, venha a frustrar as expectativas de continuidade de atendimento ao conveniado sem critérios mínimos.
Saliente-se que, não há risco de dano
irreparável para as rés. Isso porque o pedido do autor é de prestação do
serviço, mediante a remuneração que fixada pela parte ré, ou seja, as
mensalidades dos planos de saúde estavam em dia e continuarão a ser
pagas. Portanto, nem sequer prejuízo patrimonial se impunha à agravada”.
A magistrada acrescentou: “Há manifesto risco de dano irreparável ao
autor, que possui transtorno do espectro autista em grau severo e com
necessidade de tratamento contínuo, que pode ser interrompido, se
prevalecer o cancelamento desmotivado da operadora, sem indicação de
serviço equivalente”.
A criança fez adesão a um plano coletivo, contratado pela federação estudantil à administradora de benefícios Supermed e operado pela Unimed Rio. Foi comunicada da sua exclusão por meio de e-mail enviado pela administradora do benefício. No comunicado, a administradora informou que somente garantia a portabilidade, caso a criança contratasse outro plano de saúde.
Segundo o relatório na ação, “a criança foi exposta à interrupção dos tratamentos em curso, pois como se vê, embora tenha mencionado a portabilidade como uma garantia legal, as rés não ofereceram um plano equivalente, para adesão, pelo consumidor. Por isso, o vulnerável ajuizou a ação e requereu tutela antecipada, para que tivesse continuidade de seu tratamento médico, até conseguir uma nova contratação”.
A desembargadora esclarece que "se uma
operadora de grande porte e uma administradora de benefícios, focada em
planos de saúde, não encontraram contrato similar, ao qual o consumidor
pudesse aderir, decerto que o vulnerável não teria facilidade em
encontrar o referido serviço para contratar. Dessa forma, a criança
deixaria de ter plano de saúde, depois de anos pagando continuamente
pelo serviço, cujo preço embute o benefício da continuidade.
Certamente
muitos usuários passam determinados meses sem fazer nenhum uso do plano
de saúde, mas continuam pagando as mensalidades, porque a continuidade,
ainda que sob a forma de disponibilidade, é uma característica do
mencionado. Se o consumidor paga, mesmo quando não usa o serviço, a
operadora não pode, desmotivadamente, quando lhe convém, abandonar o
consumidor à própria sorte, durante tratamento relevante”.
Para a magistrada Regina Lúcia Passos “conclui-se que estão presentes os requisitos autorizadores para concessão da medida, como a probabilidade do direito e o perigo de dano, decorrente da não prestação adequada dos serviços indispensáveis para o regular prosseguimento do tratamento da saúde do autor, por se tratar de pretensão que envolve o direito à vida e à saúde; paralelamente, não existe perigo de dano inverso para a parte agravada”.
Para a magistrada Regina Lúcia Passos “conclui-se que estão presentes os requisitos autorizadores para concessão da medida, como a probabilidade do direito e o perigo de dano, decorrente da não prestação adequada dos serviços indispensáveis para o regular prosseguimento do tratamento da saúde do autor, por se tratar de pretensão que envolve o direito à vida e à saúde; paralelamente, não existe perigo de dano inverso para a parte agravada”.
A desembargadora esclarece ainda que “o indeferimento da tutela merece reparo urgente, tendo em vista a necessidade de conferir continuidade às orientações médicas, para melhora da condição atual do paciente. Afinal, a demora poderá acarretar prejuízos irreversíveis, não apenas de estagnação do estado atual, mas de regressão dos resultados já obtidos”, disse Regina Passos.
Senado
No dia 4 deste mês, entidades de defesa do consumidor, de pessoas com deficiência, com autismo, entre outros grupos, denunciaram, no Senado, suspensões unilaterais de planos de saúde. Nos últimos meses, têm crescido reclamações de usuários sobre cancelamentos unilaterais, que deixam as pessoas sem acesso à assistência médica privada.
Post: G. Gomes
Home: www.deljipa.blogspot.com
Informações: ebc
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